Inovação e colaboração são essenciais para enfrentar crises climáticas

Maria Emilia Peres
Maria Emilia Peres. Foto: Acervo pessoal

A aversão ao risco é uma característica fundamental do comportamento humano, desenvolvida ao longo de milênios como mecanismo de sobrevivência. No entanto, essa tendência pode se tornar um obstáculo significativo quando enfrentamos desafios globais, como a crise climática, que exigem inovação e mudança rápida.

Na esfera da inovação, frequentemente encontramos resistência em experimentar novas ideias, processos e produtos.

Essa necessidade de certeza e segurança nos mantém presos ao status quo, limitando o crescimento, a criatividade e, consequentemente, a sustentabilidade.

A emergência climática exige ação imediata

A situação climática global é crítica. De acordo com o relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2023, para limitar o aquecimento global a 1,5°C, as emissões de gases de efeito estufa devem atingir o pico até 2025 e serem reduzidas em 43% até 2030.

No entanto, as emissões globais continuam a aumentar, e entre 2010 e 2019, atingiram os níveis mais altos da história.

O aumento da temperatura global já ultrapassou 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, aproximando-se rapidamente do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris.

Esse aumento está associado a eventos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações e incêndios florestais, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

A inovação como resposta à crise climática

Diante dessa emergência, é imperativo que façamos um esforço e adotemos uma abordagem proativa. A colaboração entre setores, cadeias de suprimentos, governos e sociedade é essencial.

Precisamos testar e implementar, em nossos negócios e indústrias, as soluções que já estão disponíveis. Muitas dessas soluções podem não estar visíveis à primeira vista, mas estão ao nosso alcance através da colaboração.

Por exemplo, a utilização de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCUS) pode reduzir significativamente as emissões de CO2 das indústrias pesadas.

Projetos de energia renovável, como parques eólicos e solares, estão prontos para serem ampliados, fornecendo energia limpa e sustentável.

A economia circular, que promove a reutilização e reciclagem de materiais, pode reduzir o desperdício e a pegada de carbono.

O mito da estabilidade

A busca pela estabilidade é um desejo universal, mas, em face da crise climática, essa estabilidade é uma ilusão.

A mudança é inevitável, e a estabilidade que muitos anseiam está com os dias contados. Precisamos abraçar a incerteza e o risco como catalisadores para a inovação e a transformação.

Em vez de temer o risco, devemos vê-lo como uma oportunidade. A inovação requer coragem e disposição para experimentar o novo, mesmo diante da incerteza.

Somente através dessa mentalidade poderemos superar os desafios climáticos e criar um futuro sustentável para todos.

Em resumo, a aversão ao risco é um impedimento significativo para a inovação necessária na luta contra as mudanças climáticas.

Precisamos de uma colaboração intensa e proativa para testar e implementar soluções sustentáveis em nossos negócios e indústrias.

A tão sonhada estabilidade é ilusória em um mundo em mudança, e é somente através da aceitação do risco que podemos alcançar a inovação, o crescimento e a sustentabilidade que o nosso planeta desesperadamente necessita.

Maria Emilia Peres

Líder das Ofertas Integradas para Clima, Sustentabilidade & Equidade da Deloitte.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *