Por que algumas pessoas se mantêm presas em determinado relacionamento, mesmo estando profundamente infelizes? O que as impede de colocar fim à situação que as oprime? O nome da doença é dependência emocional.
A pessoa se anula tanto que não se acha mais capaz de andar com as próprias pernas. Ela passa a depender do outro em todas as situações.
Dominada pelo medo, vai se encolhendo cada vez mais, até perder toda a sua identidade.
Muitas vezes, a dependência emocional tem sua raiz na infância.
Quando o bebê não se sente querido e valorizado por pessoas significativas pode desenvolver um pobre autoconceito. Assim cria-se a relação de submissão ao outro, como estratégia para evitar o abandono.
Quando adulto, o dependente emocional vive uma relação amorosa com apego obsessivo, no lugar de uma troca de afeto saudável.
A dependência emocional se define como a falta de habilidade em estabelecer e manter relacionamentos saudáveis.
Um exemplo são mulheres que sustentam relacionamentos afetivos que as oprimem, humilham e violentam. Na realidade, elas também são responsáveis pela situação.
Inconscientemente, buscam homens que se encaixam nesta condição para perpetuar o papel da vítima.
Uma das atitudes observadas no dependente emocional é a omissão de opinião para evitar conflitos.
A pessoa começa a se anular, a sumir na relação. Discordar do outro, então, nem pensar! É como se disparasse na mente o botão perigo, sinalizando que a situação deve ser evitada.
Tanto a mulher quanto o homem podem desenvolver essa dependência e os sintomas são os mesmos. Em geral, cria-se uma relação parasitária com exagerada necessidade de aprovação do outro.
Uma pessoa pode ser tímida ou extrovertida, agressiva ou passiva mas ainda assim manifestar a dependência emocional.
Romances como “Romeu e Julieta” ilustram formas patológicas de amor que podem ser identificados como uma dependência emocional do outro.
Essa dependência é muito comum em várias fases da vida.
Quando bebês, momento em que constituímos nosso psiquismo, fomos dependentes de quem cuidava de nós. A mãe é nosso elo com o mundo, tanto que nos primeiros meses de vida, nem conseguimos diferenciá-la de nós.
Somente na primeira infância, o bebê percebe que a mãe não é ele e a partir daí começa a criar autonomia. Uma vivência adequada com a mãe nesta fase pode desenvolver uma estrutura psíquica forte e saudável e talvez evitar a dependência na fase adulta.
A dependência é patológica.
Ela nos tira da normalidade e, principalmente, nos traz sofrimento e angústia.
O que é o amor saudável? Companheirismo, tolerância, respeito às diferenças individuais, confiança mútua são ingredientes de uma relação saudável.
Nessa relação, experiências são compartilhadas com alegria e há construção e não destruição.
Somos seres sociais. E criar um equilíbrio entre autonomia e dependência do outro é fundamental, pois vai definir nossa qualidade de vida tanto no campo psíquico quanto no social.
É natural que sejamos em alguns momentos dependentes, e em outros não tanto, mas é patológico não alternar entre estes dois estados, vivendo intensamente um dos dois, por fixação.
Em muitos casos, somente a ideia de ficar só, apavora, pois estar em contato direto com os próprios pensamentos pode ser assustador. Mas é importante entender que momentos de solidão são importantes e saudáveis. A necessidade constante destes momentos, aí sim pode ser um sinal de problema.
O mesmo vale para a necessidade de estar sempre no meio de um grupo de pessoas.
Uma pessoa assim está tentando evitar o que é inevitável: o encontro com ela mesma. Porém não adianta fugir, afinal, o movimento da vida nos conduz sempre na direção de quem nós somos.
A reforma que imaginamos para o mundo precisa ser realizada dentro de nós.
O exterior é reflexo do que acontece dentro de cada pessoa.
Aliás, se você está também vivendo uma situação indesejável, se está deixando a vida te levar, salve-se enquanto há tempo.
Ninguém pode fazer isso por você e, se me permite uma sugestão para iniciar uma nova vida, comece por gostar mais de si. Sem essa atitude a seu favor, você não se libertará da dependência emocional e permanecerá rastejando pela vida afora, mendigando atenção e amor.
A Programação Neurolinguística nos permite fazer mudanças favoráveis na nossa estrutura mental e emocional.
Ela também torna possível aflorarem atitudes adequadas na construção de um viver melhor.
Mahatma Gandhi, a grande alma da Índia, nos deixou este valioso ensinamento: “Faça em você a mudança que espera do mundo.” Eu acrescentaria: O mundo só muda de fato quando a gente muda.
Então, a partir das felicidades individuais vão nascer a felicidade coletiva e a paz universal.