A pergunta é: quem está no comando da sua vida? Quem está ditando as suas escolhas? Você está vivendo no automático ou tem consciência de todos os passos que dá e decisões que toma? A alma ou o ego?
Se é o ego, cuidado, ele pode encrencar a sua vida de tal forma que o caminho de volta pode se tornar difícil ou até impossível.
A mesma diferença entre Quociente Intelectual (QI) e Quociente Emocional (QE) existe entre ego e alma.
O ego é egoísta, competitivo, só pensa nele próprio e não leva em consideração o ponto de vista do outro, querendo ser sempre o melhor. Por outro lado, a alma é sempre altruísta, flexível, acolhedora e jamais prejudica ou quer levar vantagem sobre a outra pessoa.
A alma age através de uma consciência elevada, espiritual, enquanto o ego é instintivo, reage como um animal feroz.
O ego julga, compara, condena, exclui… A alma é inclusiva por natureza.
A alma é pura e quer ser feliz, enquanto o ego é rancoroso e adora ter razão.
O ego é corruptível, a alma é incorruptível.
Ela nos concede um sono tranquilo e uma consciência leve.
O mundo em que vivemos está contaminado pelo TER, pelo FAZER. Quem não tem posses e quem não está fazendo nada que a sociedade considera importante, sente-se completamente marginalizado, inútil e imprestável.
O SER, que é aquilo que verdadeiramente somos, está completamente encolhido.
Os bons, em algumas situações, sentem-se até constrangidos com suas atitudes éticas e amorosas, tão diferentes das demais.
É mais ou menos aquilo que Ruy Barbosa já alertava em 1914:
“De tanto ver triunfar as 96 nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Mas a solução pode estar justamente na escuridão dos tempos modernos.
De onde surge a luz? Da escuridão, não é verdade? Estamos, portanto, diante de uma bela oportunidade de rever as virtudes que estamos praticando no cotidiano, em casa e na sociedade.
Apesar desse assunto ser pouco divulgado, existe um número significativo de pessoas estudando a ciência da espiritualidade, com o objetivo de investigar mais profundamente as necessidades da alma e também encontrar uma saída para acabar com o vazio existencial, tão comum nos dias atuais.
A escuridão tem um papel importante para o despertar espiritual do ser humano.
É na dor que costumamos descobrir o valor das coisas essenciais. Nada permanece igual depois de uma doença grave ou depois de uma morte – tudo em volta se modifica e sempre para melhor.
Quando adquirimos a consciência de que a vida é um pequeno intervalo de tempo entre o berço e o túmulo, começamos a buscar o verdadeiro propósito do existir.
Tenho a felicidade de trabalhar com processos de autoconhecimento que me colocam em contato permanente com a alma humana.
Na medida em que ensino, aprendo. Na medida em que aponto caminhos, vou aperfeiçoando o meu próprio caminhar. Assim, a vida vai ganhando um novo significado e um deslumbrante sentido.
Embora o nosso sistema de ensino não contemple a Educação Espiritual é preciso que investiguemos a nós mesmos constantemente.
Isso não tem nada a ver com religião: Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde estou indo?
Se eu não existisse, que diferença faria? Esse questionamento nos remete ao nosso universo interno, nos coloca frente a frente com o que realmente importa.
O cérebro gosta de ser homenageado pela sua inteligência e conhecimento, mas é preciso ir além da mente lógica para acessarmos a sabedoria do coração.
Quando olho para minha linha de tempo e conto os anos que já vivi, constato que o tempo aqui é finito e que tenho mais tempo de passado que terei daqui pra frente, de futuro.
Meu porvir é menor que todo o tempo vivido, portanto, é preciso priorizar as coisas da alma, senão terei vivido só para o FAZER e o TER, displicente com relação ao SER.
Isso me lembra um artigo que li outro dia na Internet, assinado pelo escritor Ricardo Gondim:
“Sinto- me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas: As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, começou a roer o caroço.
Já não tenho tempo pra lidar com mediocridades. Não quero participar de reuniões onde desfilam egos inflamados… Inquieto-me com invejosos.
Já não tenho tempo para conversas infindáveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Quero a essência, minha alma tem pressa. Com poucas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços e não foge de sua mortalidade.
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E de verdade, basta o essencial” .
Reavaliar a forma de caminhar pela vida, deixar que a alma seja a nossa guia, é disso que o mundo está precisando.
Quando o nosso corpo (mente somática) e o nosso intelecto (mente cognitiva) se conectam como dois dançarinos, respondendo à música da vida, então a alma tem um veículo para se expressar e adquirimos mais alegria de viver.
O propósito do EU Interior (alma) se expressa pela nossa intuição, nos encoraja a superar todo e qualquer obstáculo, criando possibilidades e simplificando a vida.
Assim que nossas qualidades inatas se manifestam, o mundo passa a conhecer o melhor de nós: carisma, amor, compaixão.
Colocar o ego (mente) a serviço da alma (coração) é uma forma de criarmos uma realidade mais alinhada com os verdadeiros valores humanos, para que a nossa existência possa beneficiar todos os seres vivos.
Desta forma, estaremos contribuindo efetivamente para a construção de um mundo mais humano, mais amoroso e mais feliz.
A leitura do artigo nos leva a refletir sobre como devemos estar atentos também a alma e como podemos provocar mudanças nas nossas atitudes para desenvolver nossa espiritualidade.
Parabéns pelo artigo.