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Brumadinho: engenheiros ficam em silêncio durante depoimento em Minas Gerais

Funcionários da empresa contratada pela Vale para atestar a estabilidade da barragem de Brumadinho foram convocados para prestar esclarecimentos

Foto: Divulgação

Os dois engenheiros da empresa alemã Tüv Süd investigados na ação sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho se mantiveram em silêncio durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia de Minas Gerais, nesta quinta-feira (2). Os profissionais foram responsáveis pela emissão do laudo que atestou a segurança da estrutura em 2018.

Os deputados convidaram Makoto Namba para iniciar o interrogatório. Em sua primeira fala, o engenheiro avisou: “Conforme comunicado, com todo respeito ao trabalho da comissão e conforme orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio”.

Apenas para Namba foram feitas mais de 100 perguntas e ele recorreu ao direito de se manter em silêncio em todas elas. Após quase duas horas do início do interrogatório, o engenheiro André Jum Yassuda foi chamado para prestar esclarecimentos, mas também preferiu não responder aos questionamentos.

O silêncio dos engenheiros foi garantido por uma decisão da Sétima Câmara Criminal de Belo Horizonte. A deputada Beatriz Cerqueira se emocionou durante sua fala e criticou a medida.

— Sinto-me impotente como deputada. Eu não acho que uma empresa tem direito depois de ter lucrado não sei quantos milhões, chegar aqui com habeas corpus permitindo o direito de se manter em silêncio.

Envolvimento

André Jum Yassuda e Makoto Namba chegaram a ser presos pela Polícia Federal na investigação sobre a responsabilidade sobre o estouro da barragem. Ambos foram soltos nove dias depois graças a um habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, e-mails trocados entre representantes da Tüv Süd e da Vale mostram que funcionários da mineradora teriam pressionado a equipe da empresa alemã para liberar os laudos de estabilidade.

Em depoimento prestado à PF (Polícia Federal) Namba afirmou ter sofrido pressão da cúpula da Vale em Minas.