A crise hídrica que afeta alguns estados brasileiros, incluindo o Espírito Santo, tem aumentado o interesse por alternativa sustentáveis e economicamente viável. Pensando nisso, o estudante de engenharia mecânica de Cachoeiro de Itapemirim, João Bandeira desenvolveu, há um ano, um sistema de captação e tratamento de água da chuva para consumo humano.
O sistema foi implantado em um shopping em Cachoeiro, igrejas, residências e prédios e na maioria, os custos com água já foram reduzidos em 50%. “Muito mais do que pensar em resultados e ter a alto suficiência. Isso não é reinventar a roda. Nos países da Europa esse sistema já funciona há anos. No Brasil, esse aproveitamento ainda caminha a passos lentos”, comenta Bandeira.
O projeto de instalação do sistema prevê estudo de viabilidade que se baseia em três pilares: área de captação, área para acondicionar reservatórios e demanda de consumo/precipitação. “Dependemos de ter a capacidade de captar a água da chuva de 50 a 100 metros. Sabemos que um milímetro de chuva no metro cúbido corresponde a um litro de água. Em uma hora, no mesmo espaço, o volume captado é de 30 mil litros. Precisamos fazer um estudo de viabilidade para instalarmos caixas tanques ou então cavar e fazer cisternas”, explica o engenheiro.
De acordo com Bandeira, o sistema consiste na instalação de telas nas calhas, filtro separador, descarte do firstflush, processo de filtragem e purificação com carvão ativado ou UV, cloração e grau de potabilidade através de análises físico-química e microbiológica em conformidade com as portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Não sou eu que garante a qualidade da água e sim uma análise físico-química e microbiológica, que garante que ela está pronta para consumo. Esse é um processo que ninguém se atentou para ela, justamente, pela ideia utópica que temos água em excesso e não precisamos buscar fontes alternativas. É um trabalho de conscientização e temos que quebrar a barreira cultural de resistência, que é a de não beber água da chuva”, continua Bandeira.
Ainda, segundo Bandeira, dependendo da capacidade de armazenamento, o valor de implantação do sistema varia de R$ 6 mil a R$ 60 mil. “Há casos em que o consumo era de 22 metros cúbicos e o aproveitamento foi de 18 metros cúbicos, o que representa uma redução de 80%. Transformando em valores, seria uma economia em torno de R$ 25 mil com o sistema”, completa.