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Capixaba conta experiência de ser mãe e 'luz' para os olhos da filha deficiente visual

Emocione-se com o relato da Dona Djanira, mãe da Fabiana, e conheça um pouco da experiência de ser mãe e luz dos olhos da filha que nasceu com visão em apenas um dos olhos

A chegada de um filho é capaz de trazer felicidade, esperança e alegria à uma família. Toda gestação tem suas particularidades e, ocasionalmente, alguns problemas podem refletir em situações para toda a vida.

Nos próximos parágrafos, você vai conhecer a emocionante história da dona Djanira Siqueira Vieira. Atualmente com 60 anos, ela abriu o coração para contar toda a experiência que viveu ao lado do esposo, Valdecir Ferreira Vieira, e da filha única, Fabiana Siqueira Vieira, 27 anos.

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Toda a história se passa na localidade de Roda d’Água, zona rural de Cariacica. Em uma casa simples, onde mora uma família humilde e acolhedora, dona Djanira lembra que a gravidez foi um momento de muita felicidade. Aos sete meses de gestação, ela passou por um momento complicado e temido por muitas mulheres: a eclampsia.

A família vive na localidade de Roda d’Água, em Cariacica Foto: Iures Wagmaker ​

Com os cuidados necessários, este momento foi vencido e no dia 29 de setembro de 1989, dona Djanira deu à luz a pequena Fabiana, que já nasceu com a barreira de enxergar com apenas um dos olhos.

Dona Djanira não encarou este detalhe como motivo de tristeza, mas de esperança e força para a família. Com todo amor que só uma mãe sabe dar, Fabiana viveu os primeiros anos de vida normalmente, como qualquer outra criança. A vida, que estava apenas no começo, ainda guardava muitas surpresas para todos eles.

O dia 25 de dezembro de 1996 tinha tudo para ser mais um Natal feliz para a família. Amigos e parentes se reuniam para passar o dia e tudo corria bem. Mas o destino estava prestes a ser modificado para a vida de dona Djanira e de toda a família, principalmente para a Fabiana. 

Na época, com 7 anos de idade, dentro de suas limitações, Fabiana era uma menina que brincava e se divertia com as outras crianças naquela manhã natalina. Durante a diversão, ela foi empurrada do sofá e caiu, batendo a cabeça no chão. Com o impacto, a armação dos óculos de Fabiana se quebraram e um dos pedaços perfurou o olho com que ela ainda enxergava. O que era apenas uma brincadeira, tornou-se desespero.

A angústia da mãe foi inevitável. Depois de passar por alguns hospitais, Fabiana foi encaminhada para o Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, onde já deu entrada com quadro hemorrágico. Imediatamente, ela foi levada ao centro cirúrgico e, posteriormente, ao Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI).

Depois de várias horas de aflição, dona Djanira recebeu a informação que primeira coisa que a pequena Fabiana disse ao despertar foi a pergunta de onde estava a mãe. Mais aliviada, ela logo atendeu ao chamado da filha e a acompanhou, confiantemente, durante os 30 dias posteriores que Fabiana ainda permaneceu com os olhos sangrando. Foi neste momento, sabendo que não mais enxergaria, que aquela criança pensou que a vida acabaria ali.

“Eu fiquei muito triste, deprimida. Pensei que minha vida tinha acabado, mas minha mãe sempre esteve ao meu lado me dando forças”, lembra Fabiana.

Depois de três meses do acidente, a luz que Fabiana não mais via, brotou como uma esperança no fundo do coração. Na certeza de amenizar a dor dos pais e na confiança que poderia seguir em frente, ela fez um pedido e uma promessa para eles. “Não quero mais que vocês chorem. Eu também não vou mais chorar”, jurou.

Dona Djanira foi mais que uma mãe para Fabiana Foto: Iures Wagmaker ​

A partir desse momento, dona Djanira deixou de ser somente a mãe e tornou também a luz dos olhos da filha. Sempre ao lado, ela acompanhou cada momento do crescimento físico e intelectual da Fabiana, que aprendeu, entre tantas outras coisas, a ler e escrever no braille, a linguagem dos deficientes visuais.

Participantes da Igreja Católica na comunidade São Sebastião de Taquaruçu, em Roda d’Água, Djanira lê os textos bíblicos para que Fabiana traduza para o braille e colabore nas celebrações da igreja. 

Quem conhece a família, nem imagina a história de luta e superação que foi enfrentada por eles. Atualmente, Djanira e Fabiana se consideram mais do que mãe e filha. São grandes e inseparáveis amigas. Para o futuro? Tudo é incerto, mas a união das duas, certamente, é garantida.