O pequeno Ravi Antônio, de 2 anos, viralizou na internet com vídeos em que aparece falando direitinho todas as palavras que a mãe, Kenia Brambati, escreve em um caderno.
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As publicações começaram há cerca de seis meses, depois que ele começou a assistir a um desenho animado. Além do espaço online, a criança também caiu na graça dos vizinhos e moradores de Guarapari, no Espírito Santo.
No dia a dia, a mãe contou que ele já consegue identificar as figuras geométricas e ainda responde a alguns cálculos, como 3 + 2, por exemplo. Segundo Kenia, ele dá a resposta – que é cinco – com clareza. Veja uma das publicações:
Ela explicou que começou a gravar os vídeos porque ficou surpresa com os resultados do pequeno filho.
“Ravi tá surpreendente a cada dia. Ele já assistiu a todos os episódios do Blippi, a suposta série que acho que ensinou ele a ler. No tablet, ele assiste em inglês alguns episódios novos aí o que acontece? Ele fala palavras, cores, objetos em inglês”, contou Kenia.
Ravi está acima da média? Entenda
A consultora educacional Juliana dos Santos observou que Ravi, em um dos vídeos, está reconhecendo os nomes de pessoas e alguns objetos. Segundo ela, existem casos de superdotação, em que crianças aprendem muito mais rápido do que as outras.
“Desenvolvem várias inteligências e elas têm o processo avançado, alavancado de aprendizagem. A gente não sabe se Ravi é um caso de superdotação ou não, porque precisa fazer análises, diagnósticos, trabalhar com essa criança pra ter, de fato, essa resposta”, explica.
Segundo Juliana, também existem crianças querem se desenvolver muito mais cedo, em torno de 4 ou 5 anos, porque elas já estão pegando algumas palavrinhas.
“Essa criancinha de fato despertou na internet por conta da idade dela. Mas há muitas questões, não são só os vídeos que vamos identificar o processo da leitura, porque ele pode estar assimilando o desenho com o nome da pessoa”, disse.
A consultora educacional apresentou um exemplo muito comum, como assimilar a Coca-Cola ou McDonald’s, ao desenho da letra com o nome da marca. “Isso é muito comum, já não é um processo de leitura de textos não verbais, mas uma leitura quase que de imagem”, contou.
Segundo Juliana, Ravi pode estar em um processo em que vê e entende a palavra como uma imagem, com a representação do som, ou ele pode ser um caso de superdotação.
Em que momento as crianças são alfabetizadas?
Segundo a consultora educacional, diferente do que a maioria da população acredita, o processo de alfabetização começa bem cedo. Lentamente, as crianças vão reconhecendo as letras e usando o lápis para desenvolver a capacidade motora, afinal, não é uma tarefa fácil para elas.
Como fazer a assimilação do processo? Juliana afirma serem habilidades que elas vão desenvolvendo, em que elas acumulam e processam conhecimento.
“Segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), essa criança precisa, até o segundo ano, estar alfabetizada, porque aí sim ela já tem uma facilidade maior de apropriação do som, grafia, pegar no lápis, pegar na borracha, usar o papel, reconhecer quando é letra bastão, letra cursiva… processos gráficos”, explicou.
Esses processos gráficos parecem automáticos para os adultos, mas, segundo a consultora educacional, não é bem assim. Para a criança de até 2 anos, esses pequenos aprendizados, que são garantidos pela Base, são uma grande questão.
Por conta das habilidades que os pequenos desenvolvem, é comum que eles cheguem aos 7 anos com o processo de alfabetização já desenvolvido. Segundo Juliana, em alguns casos, principalmente no pós-pandemia, é considerado o aumento dessa idade.
“A alfabetização não é um processo fácil. Então, em alguns casos, hoje a gente está levando essa alfabetização um pouco para 8 ou 9 anos. Mas tem a idade de desenvolvimento. As escolas trabalham, por exemplo, com propostas bilíngues, e elas já desenvolvem uma condição neurológica da criança, de assimilar, acumular e aplicar conhecimento”, explicou a consultora educacional.
O que é QI e como identificar?
A mãe de Ravi planeja buscar ajuda de um neuropediatra para fazer uma avaliação, para identificar se ele tem um grau acima de QI. É importante lembrar que nem sempre essa condição é tão evidente, mas existem características bem específicas.
Segundo o PhD em Neurociências Fabiano de Abreu Agrela, as pessoas com alto QI têm apetite por informação e conhecimento, que inclui não apenas curiosidade, mas também uma verdadeira necessidade de estímulo intelectual.
Além disso, segundo Fabiano, existe a capacidade de entender rapidamente seus argumentos sem a necessidade de muita explicação, talvez até antecipando a conclusão final antes de se chegar a ela.
“Identificar implicações e consequências interessantes de seus argumentos que você mesmo não havia considerado. Também há exibições de percepção rápida, forte capacidade de aprendizado e habilidades substanciais de resolução de problemas. Um amplo escopo e/ou profundidade de conhecimento. A capacidade de perceber e apreciar os talentos e realizações relevantes dos outros”, disse.
Segundo a PhD em Neurociências, doutora em Psicologia, mestre em Psicanálise e Neuropsicóloga especialista no tratamento de diversos transtornos, Roselene Espírito Santo Wagner, eles também podem apresentar da busca incessante por informações, intelecto elevado, poder de comunicação não verbal e linguagem corporal adequada.
“Os portadores de QI elevado buscam, principalmente, por maturidade através da experiência, catalogando um arquivo interno de comportamentos adequados, transformam informação em formação e títulos. Eles interagem com base em análise de cenário e interpretação adequada, buscam por autoconhecimento, para elevar autoestima através do reconhecimento de suas características positivas. Têm propósitos definidos, com engajamento na tarefa com princípio, meio e fim”, disse.
Por fim, Roselene disse que as pessoas de alto QI evitam dependência emocional, pois usam a inteligência para produzir e consumir emoções positivas sobre si mesmo.
*Texto da estagiária Ana Paula Brito Vieira, sob supervisão da editora Thaiz Blunck