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Capixaba relata confinamento em Paris: 'as pessoas estão ficando doidas'

Lorrayne Delaroili Lopes mora com a família na capital francesa, que vive em um regime de confinamento total desde meados de março

Foto: Lorrayne Delaroili Lopes

Com a pandemia do Novo Coronavírus, a maioria dos países adotou uma série de medidas para tentar conter o avanço da covid-19. Na Europa, onde estão alguns dos países mais afetados pela pandemia, muitos governos decidiram radicalizar e adotaram o isolamento total da população, frente aos números assustadores de mortos e infectados pela doença.

Na França, por exemplo, onde já foram registrados mais de 93 mil casos de Coronavírus e mais de 13,8 mil mortes em decorrência da doença, o governo decretou um confinamento nacional no dia 17 de março. 

Inicialmente, estavam previstas duas semanas de isolamento social, mas, às vésperas de se encerrar esse período, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um pronunciamento, avisando que a França estava em uma “guerra sanitária” contra o Coronavírus e informando o prolongamento da quarentena no país, com medidas ainda mais rigorosas.

Morando com a família em Paris, a capixaba Lorrayne Delaroili Lopes conta que tem sentido na pele diariamente as medidas adotados pelo governo do país onde vive. Segundo ela, as ruas da capital francesa, normalmente abarrotadas de pessoas, entre moradores e turistas, estão praticamente vazias nos últimos dias. Isso porque, para sair de casa em Paris, a pessoa precisa de uma autorização do governo.

“A cidade está totalmente vazia, todo mundo confinado, e, para sair, a gente tem que ter uma justificativa. O governo fez um documento que você tem que preenchê-lo e levar com você quando você for sair. Tem que colocar sua data de nascimento, nome completo, onde você nasceu e o seu endereço em Paris. E informar qual é o motivo de você estar saindo de casa”, contou Lorrayne.

Segundo a capixaba, caso a pessoa seja flagrada pela polícia sem esse documento, ela é multada. Essa multa aumenta conforme a pessoa reincidir na infração. “Cada saída de casa requer um certificado de deslocamento. Para viagens de negócios, este certificado é complementado por uma autorização assinada pelo empregador”, acrescentou.

Foto: Reprodução
Para sair de casa, a pessoa tem que preencher um documento justificando o motivo da saída

Alguns dos locais mais visitados por moradores e visitantes da capital francesa, como o Campo de Marte, estão fechados desde o início do confinamento, justamente para evitar a aglomeração das pessoas nas ruas.

“Eu moro a cinco minutos da Torre Eiffel. Essas ruas sempre estão cheias de turistas e com muito movimento nos cafés. O Campo de Marte é um dos lugares escolhidos, tanto por parisienses quanto por turistas, para relaxar e curtir aos pés da torre. Nessa época, o tempo está bem agradável e muita gente costuma se reunir para fazer piquenique, etc. Mas ele está fechado desde o início do confinamento”, relatou Lorrayne.

Além disso, desde o dia 14 de março está proibida no país a abertura de restaurantes, bares, cafés, cinemas, boates, lojas e outros negócios considerados não essenciais. Apenas serviços fundamentais, como supermercados, farmácias, postos de gasolina e bancos continuam funcionando, mesmo assim respeitando regras, como limitar o número de pessoas nos estabelecimentos, manter um distanciamento mínimo entre as pessoas, entre outras.

“Aqui no meu bairro só está aberto o supermercado, mercadinhos menores e a farmácia. Eu só saio de casa para descer com o lixo e para fazer compras. As pessoas estão começando a ficar doidas, estamos agoniados. Já tem muito tempo que a gente está no confinamento”, afirmou a capixaba.

Foto: Lorrayne Delaroili Lopes
Aviso em supermercado de Paris informa que o estabelecimento dispõe de estoque suficiente para atender a demanda e que, por isso, não é preciso levar produtos em grande quantidades

Lorrayne garantiu, no entanto, que a população não tem sofrido com o desabastecimento de produtos nos supermercados. Alguns estabelecimentos colocaram cartazes em suas portas, pedindo para que as pessoas comprem apenas o necessário, informando que o estoque é suficiente para todos. Segundo ela, o pedido tem sido respeitado pela maioria.

“Aqui você não vê ninguém fazendo compras de maneira exacerbada. As pessoas compram só o suficiente para uma semana ou duas, no máximo. Aqui no meu bairro mesmo, você vê as pessoas com apenas uma ou duas sacolas nas mãos, no máximo”.