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Capixaba que estava na mesma rua dos ataques terroristas relata momentos de pânico em Paris

O maior massacre aconteceu na casa de espetáculos Bataclan, onde os terroristas assassinaram mais de 100 pessoas e na rua em que a estudante estava

A estudante estava na rua onde o atendado aconteceu Foto: Agência Brasil

Uma série de ataques simultâneos em Paris, na França, deixou mais de 120 mortos na noite da última sexta-feira (13). O maior massacre aconteceu na casa de espetáculos Bataclan, onde os terroristas assassinaram mais de 100 pessoas que eram mantidas reféns. Na mesma rua da casa de espetáculos estava a capixaba Camila Rodrigues, estudante de engenharia elétrica.

Ela, que se mudou para a cidade neste ano para estudar, contou que foi com um grupo de amigos a um bar em Oberkampf e ficou no primeiro salão, o mais próximo da rua. “Tínhamos recebido uma rodada de bebidas quando o dono veio com a conta e pediu para pagarmos. Achei estranho, mas quando deu 22h30 ele começou a fechar a grade da entrada. Pensei que ele nos expulsaria de lá, mas começou a gritar: ‘todo mundo para o fundo’. Ninguém entendia o que estava acontecendo”, relatou. 

A capixaba disse que demorou alguns minutos para que todos pudessem entender o que estava acontecendo na rua. “Com todos no fundo do estabelecimento, e algumas pessoas abaixadas atrás das mesas, eles ligaram a televisão para saber realmente do que se tratava. Foi como uma cena de filme e todos no meio dessa cena sem poder fazer nada. Quando entendi o que era entrei em pânico”, afirmou.

Camila explicou que o sentimento de quem estava dentro do bar era de que a qualquer momento os terroristas, que estavam no estabelecimento praticamente ao lado, poderiam entrar. “Pensávamos que eles poderiam invadir o bar e matar todos nós”, destacou.

“Foi como uma cena de filme e todos no meio dessa cena sem poder fazer nada. Quando entendi o que era entrei em pânico”, relatou

Cerca de meia hora após o local ser fechado, a estudante disse que conseguiu sair do estabelecimento. “Eles abriram as portas e decidimos sair de lá. Queríamos tentar voltar pra casa, pois estávamos apavorados. O que eu achei inacreditável foi que o bar continuou a funcionar. Mais pessoas chegaram, e as que estavam lá continuaram a pedir bebidas”.

Ela e os amigos conseguiram pegar o metrô e quando chegaram à estação de Oberkampf foram informados de que o local havia sido fechado por causa dos atentados. “Era ao lado do Bataclan. Nós estávamos lá cerca de 10 minutos antes do pior acontecer. Quando fomos embora, a casa de espetáculos ainda estava fechada com reféns. Quando chegamos em casa o pior aconteceu. Sirenes de todos os tipos passavam o tempo todo. Dava para ouvir até da minha casa”.

Camila se mudou para Paris neste ano e estuda engenharia elétrica Foto: Reprodução

Durante o final de semana, a estudante disse que também não teve coragem de sair. “Sábado eu dormi o dia todo. Imagino que tenha sido a maneira que meu corpo achou para digerir tudo que havia acontecido. Depois fiquei com medo de sair de casa”, contou.

Na última segunda-feira (16) a vida de quem mora em Paris voltou ao normal. As aulas continuaram, o comércio abriu e as linhas de metrô estavam funcionando. “Eu tive aula normal e todos foram trabalhar. A única coisa de diferente que vi foi nas estações próximas ao local do atentado, pois havia muitos policiais armados. O medo continua. Na ida para aula eu olhava para todas as pessoas que entravam com mala no metrô e, quando uma delas resolveu colocar a mão no bolso, eu desci para pegar o próximo”. 

Camila contou que não chegou a ter vontade de voltar para o Brasil. “Não avalio voltar como uma opção. Me esforcei para estar aqui e recebo para estar aqui. Então, Paris é meu lar pelos próximos meses. Podíamos naquela noite ir ao Bataclan, ou os terroristas terem entrado no nosso bar. A sensação que ficou em todos nós foi da fragilidade da vida. A qualquer momento fanáticos podem entrar em qualquer lugar, ou um mar de lama pode cair e ninguém pode fazer nada”, afirma.