Os capixabas Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Júnior da Silva entraram em contradição ao narrarem para o júri o crime em que a mineira Ana Paula Feitosa foi morta por asfixia nos Estados Unidos, em janeiro de 2020.
Durante os depoimentos na tarde e na noite desta quinta-feira (10) ao júri no Forum Criminal de Vitória, eles apresentaram versões diferentes de suas participações no homicídio da garota. As diferenças também apareceram ao confrontarem o que eles disseram à Polícia Civil e ao próprio Judiciário, na fase de instrução.
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Thiago foi o primeiro a ser interrogado. Falou que conheceu a vítima em Massachussets, quando ela era casada. Ela viveu com ele depois que se separou. Ana Paula se mudou para Los Angeles.
No estado americano, ele entrou em contato com Wenderson, numa boate. Ele passou a dividir apartamento com Wenderson. Afirmou que decidiram se mudar para Los Angeles, quando Wenderson passou a enfrentar problemas no local. Disse que a escolha por Los Angeles foi porque Ana entrou em contato e concordou em hospedá-los mediante pagamento de aluguel em torno de US$ 700.
Thiago disse que no dia do crime os três estavam bebendo e usando drogas. A briga aconteceu porque ele desconfiava que a garota queria matá-los. Ana tentou machucá-lo com uma faca.
“Do nada ela arrancou uma faca e me arranhou. Eu segurei a mão dela. Foi quando o Wenderson entrou e falou que ela não faria nada”, afirmou.
Thiago disse que, nesse momento, saiu do quarto. Voltou quando ouviu os gritos do amigo. Segundo ele, a vítima estava partindo pra cima de Wenderson. “Tirei ela de cima dele e, a partir deste momento, o Wenderson passou o cinto no pescoço dela. Eu a segurei e, quando a soltei, ela bateu a cabeça. Saiu sangue, ela urinou e mexeu. O Júnior (Wenderson) passou um fio de ventilador no pescoço dela. Depois nós fugimos, sem rumo”, disse ao júri.
Relacionamento marcado por ciúmes, disse Wenderson
Já era noite quando começou o relato de Wenderson Silva. Ele apresentou uma versão diferente do que Thiago havia dito momentos antes. Disse que estava sendo ameaçado pelo colega para que assumisse a autoria do crime.
Segundo o rapaz, o relacionamento entre Thiago e Ana era marcada por brigas constantes por causa de ciúmes. Ele afirma que presenciou várias discussões a respeito. Disse que, apesar de estar com Thiago, ela também se relacionava com outros homens.
No dia do crime, ele disse que, mais uma vez, aconteceu uma briga entre os dois e que ele tentou acalmar os ânimos. Ele tentou interferir mas Ana o machucou no braço com uma faca.
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“Eu pedi ajuda ao Thiago. Ele tirou ela de cima de mim. Fui ao banheiro pegar papel higiênico para estancar o corte porque meu braço estava sangrando. Quando voltei, acho que dez minutos depois, o Thiago já estava com o cinto no pescoço da Ana. Entrei em desespero, falei que estava matando ela, que não precisava daquilo. Quis ir embora, abri a porta para pedir ajuda, mas ele a fechou, trancou a porta e me ameaçou, dizendo que me mataria da mesma forma que fez com ela”, relatou.
Segundo Wenderson, na sequência, Thiago enrolou um fio no pescoço de Ana e o ameaçou para que o ajudasse a usar um edredon para embrulhar o corpo de Ana e colocar num porta-malas do carro da garota.
Tanto a juíza Lívia Lage quanto os promotores perguntaram a Wenderson por que ele não fugiu, permanecendo sempre com Thiago, de quem dizia que se sentia ameaçado, já que haviam viajado de carro por três Estados americanos indo parar no México, onde se hospedaram no mesmo quarto de hotel.
Wenderson disse que tinha medo do que Thiago poderia fazer com sua família no Espírito Santo. Os questionamentos foram então em qual motivo, ao chegarem ao Brasil, Wenderson levou Thiago para junto de sua família em Barra de São Francisco. Ele respondeu que Thiago localizaria seus parentes de qualquer jeito pois a cidade é pequena e “todos se conhecem”.
Até o fechamento desta matéria, o julgamento já havia passado de 12 horas de duração. Foram ouvidas seis testemunhas: quatro pela defesa dos réus e duas de acusação, sendo a dupla de policiais americanos. A previsão é que a sentença seja anunciada no final da madrugada desta sexta-feira (11).
Jovem foi estrangulada com fio de ventilador
A investigação do crime começou em 30 de janeiro de 2020, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Por meio de imagens, a polícia identificou os capixabas Thiago Philipe Souza Bragança e Wenderson Junior Dalbem Silva. Eles são acusados de asfixiar e matar a jovem mineira com um fio de ventilador.
De acordo com as investigações, os suspeitos percorreram mais de 15 mil quilômetros em fuga. Eles saíram dos Estados Unidos e seguiram em direção ao México antes de voltarem ao Brasil.
Naquela, ainda suspeitos, Thiago e Wenderson percorreram várias cidades antes de serem presos em Cariacica.