Passado o pico da pandemia do novo coronavírus, alguns países da Europa, aos poucos, tentam retomar a normalidade. Algumas atividades já foram liberadas, outras têm previsão de serem retomadas em breve, mas algumas ainda seguem suspensas. Isso porque há um temor de que uma segunda onda da covid-19 possa ocorrer.
Alguns capixabas que vivem no Velho Continente têm presenciado de perto essas mudanças. É o caso da secretária Laila Novaes, que mora em Milão, no norte da Itália. Ela conta que, passada a fase mais crítica da pandemia, os moradores do país estão descobrindo uma nova forma de circular pelas ruas: por meio de bicicletas.
Usando a sua bike, comprada há poucos dias, a capixaba visitou novamente pontos turísticos da cidade onde vive. “A gente comprou bicicleta, porque o governo tem incentivado muitíssimo as pessoas a utilizarem a bicicleta, para evitar o transporte público. Então teve uma compra em massa de bicicleta aqui na Itália. A gente foi em uma loja, no final de semana, olhar alguns equipamentos e não tinha nada, estava vazio. Porque está todo mundo optando por usar a bicicleta, por estar ao ar livre, para poder evitar mesmo essa aglomeração nos metrôs, nos ônibus”, disse.
O movimento, no entanto, ainda é bem menor do que se costumava registrar até o início do ano. Segundo Laila, mesmo na terceira e última etapa do relaxamento das medidas de distanciamento social, muitas das atividades ainda não voltaram a funcionar na Itália.
“As escolas ainda estão todas fechadas. Eles estão com previsão de voltar mais ou menos em meados de setembro e outubro, mas por enquanto todas as crianças, em todos os países, estão tendo que ficar em casa mesmo, completamente sem aula. Então fica sempre aquele receio de uma segunda onda. Teve até uma discussão do pessoal do sul e do norte, na questão dessa reabertura das regiões, de a gente poder sair daqui e ir para o sul, para o centro da Itália, já que aqui é um local com muita concentração de casos. Houve toda uma discussão e, no final, as regiões estão todas abertas para a gente transitar. Mas o medo de uma segunda onda a gente percebe que tem sim”, relatou.
Em Londres, a situação não é muito diferente. As academias, por exemplo, ainda não foram autorizadas a retomar as atividades na capital britânica. O professor de educação física Maykon Alvarenga conta que teve de se adaptar e passou a dar aulas pela internet.
“Eu consegui manter 75% dos meus clientes treinando pela internet. Então, além da ajuda do governo, você poder continuar trabalhando foi uma coisa bem interessante. Mesmo que de casa, eu pude continuar meu trabalho”, frisou.
Maykon conta que, recentemente, a entrada nos parques foi liberada pelo governo britânico, mas lembrou que durante seis semanas ninguém podia sair de casa se não fosse para alguma tarefa considerada essencial. Caso contrário, poderia até ser multado.
“Se você fosse visto na rua pegando transporte público sem motivo urgente, você era multado — acho que a multa aqui era de 60 libras. Então foram seis semanas de isolamento total mesmo. Aos poucos, eles estão liberando o lockdown. Ontem mesmo o governo já anunciou que, a partir do dia 4 de julho, os salões de beleza, restaurantes, cinemas, pubs já vão poder reabrir. Então aos poucos eles estão liberando estabelecimentos, para recomeçar. Mas, claro, tudo mantendo as novas regras de distância”, destacou.
A retomada das atividades exige mesmo cautela. O jornalista Layon Lima, que vive em Portugal, onde trabalha como assistente administrativo, relata crescimento no número de casos de covid-19 após o relaxamento de medidas de distanciamento. Algumas delas precisaram ser retomadas.
“Foi decretado novo estado de emergência, com algumas novas regras. A partir das 8 da noite, a gente não pode estar na rua, shoppings têm que estar fechados, não é permitido consumir bebida alcoólica em via pública. Então uma nova onda de covid-19 na Grande Lisboa está fazendo a gente ter novas medidas. A gente precisou dar um passo atrás para regressar e ver onde erramos, como população, como governo, e vamos para frente novamente. Mas, infelizmente, vamos ter que ficar um pouco trancados novamente”, contou.
Mesmo diante da possibilidade de uma segunda onda da doença, ele segue confiante e manda um recado para o Espirito Santo. “Nós brasileiros somos um povo extremamente carismático, extremamente afetuoso. Mas agora que nós precisamos demonstrar isso com o próximo ´é que está tendo essa falha. Se você acha que não deve fazer o que deve ser feito, ok. Mas pensa no do lado. Pensa: ‘tem uma pessoa aqui que eu preciso cuidar dela. Então eu vou me cuidar por ela’. Se você não pensa em você, pense na pessoa do lado. É isso que acontece aqui em Portugal: todo mundo está tentando um cuidar do outro”, afirmou.
Brasil
Enquanto nos países da Europa os moradores começam a viver uma nova realidade, no Brasil a população ainda enfrenta dias de muita preocupação com relação ao avanço do novo coronavírus.
Segundo país do mundo com mais contaminados e mortos pela covid-19 — atrás apenas dos Estados Unidos —, o Brasil registrou nesta quarta-feira (24), pelo segundo dia consecutivo, mais de mil óbitos pela doença. Foram 1.103 novas mortes e mais 40.995 casos confirmados de infecção em 24 horas, segundo dados do levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde.
No total, 53.874 brasileiros já perderam a vida por causa da covid-19 e 1.192.474 pessoas foram infectadas. O País contabilizou mais de 100 mil novos casos em apenas três dias.
Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV