Mais de 180 fornecedores, 700 convidados, 56 padrinhos, 16 vozes dos maestros mais famosos dos casamentos cariocas, sete mil botões de rosas colombianas, quatro mil pétalas de orquídeas, 100 peças de murano com pó de ouro, 14 lustres Baccarat, 400 garrafas de champagne, cada uma avaliada em cerca de 300 reais. Os números são de cair o queixo e parecem fazer parte de alguma feira de casamento para reis e rainhas, mas são os dados divulgados sobre o casamento da cantora Preta Gil com Rodrigo Godoy, no dia 12 de maio, avaliado em R$ 2 milhões.
A cerimônia foi na Igreja Nossa Senhora do Carmo, uma das mais tradicionais e famosas do Rio de Janeiro, com festa na mansão da socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho. O chamado pela própria artista “casamento ostentação” durou 12 horas e teve 27 pratos servidos. Segundo a cantora, ele quase virou uma “Disneylândia”. Ao comentar a repercussão na imprensa dos números, a famosa rebateu: “Dinheiro é muito cafona. O que estamos esbanjando é amor”. Entretanto, tanta pompa levantou uma discussão entre quem respira casamentos: vale a pena tanta extravagância? Casamento ostentação é tendência ou exagero?
Na opinião da cerimonialista Flávia Vasconcellos o estilo do casamento vai além das tendências do momento e retrata a personalidade dos noivos. “Nesse mundo de casamento e eventos, essa coisa de tendência é muito relativo. Não acredito em tendência, mas em estilo da pessoa. Se ela é excêntrica, deslumbrada, ela não vai fazer um casamento simples só porque está na morda. Do mesmo modo, já trabalhei para casais ricos que fizeram uma união simples. A sua festa mostra a cara do que você é e do que você mostra para o mundo”.
Apesar disso, a especialista é enfática ao dizer que o exagero do casamento da Preta Gil trouxe alguns inconvenientes. “O tempo da festa foi absurdo, a comida foi bastante exagerada e gerou um desperdício muito grande, ela gerou lixo de comida e isso é muito feio. Vivemos na época da sustentabilidade. A Preta Gil fez um casamento para virar manchete”.
Luciane Scardua atua como cerimonialista há 11 anos e afirma que casamento ostentação está longe de ser tendência. “Ela quis causar, estar na mídia de alguma forma, porque hoje em dia a tendência são casamentos menores, mais intimistas, mais a família, até porque as condições econômicas estão mudando. Claro que tem aquele cliente que quer fazer um pouco mais, quer colocar um pouco mais, mas não chega nem próximo do que ela fez”, declara.
Para suas noivas, Luciane descarta completamente uma festa longa. “Tudo que parte para o excesso começa a pecar, vai acabar errando em alguma coisa, até mesmo para o convidado. Uma pessoa não consegue comer, beber, dançar e estar bem durante tanto tempo! Festa muito longa eu não aconselho, não acho legal, os noivos vão investir um dinheiro que realmente não vai valer a pena”, salienta.
Outro erro cometido pela artista, segundo Luciane, foi na decoração, um dos pontos mais extravagantes da noite. Para a cerimonialista, a decoração pode ser bonita e elegante sem precisar de valores astronômicos e compara a união da cantora com o casamento da atriz Fernanda Souza com o cantor Thiaguinho. “Eles também são artistas, estão na mesma categoria e você vê que a Fernanda privilegiou outras coisas, mesmo tendo outros artistas como convidados. Ela optou por uma festa com um gasto bem menor, sem um excesso todo, e foi muito elogiada. Então, se for comparar, vê que não precisa desse exagero todo”.