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Celular é o objeto mais furtado e roubado no ES: vale a pena fazer seguro?

Entre os anos de 2018 e 2023 foram contabilizados 148.602 aparelhos telefônicos furtados ou roubados no Estado, de acordo com dados da Sesp

Foto: Reprodução/videomonitoramento
Roubo de celular (foto de arquivo)

Quem nunca teve o celular como alvo de ação de criminosos ou conhece alguém que teve o objeto levado? Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), este é o item mais cobiçado por bandidos, sendo que, entre os anos de 2018 e 2023 foram contabilizados 148.602 aparelhos telefônicos furtados ou roubados.

Foto: Divulgação/Sesp

Para se ter noção do recorde que o celular representa, o segundo colocado como objeto alvo de agentes criminosos é representado pelos automóveis, com 42.593 furtados ou roubados no mesmo período de análise.

Somente este ano, já foram levados por bandidos 2.213 telefones móveis, de um total de 3.113 objetos em geral. Para a surpresa dos desavisados, a maior parte dos celulares foram alvos de roubo (1.665), que se difere do furto pela maior gravidade, havendo emprego de violência ou ameaça pelo ladrão.

Sobre o assunto, a reportagem do Folha Vitória buscou entender se vale a pena fazer seguro dos aparelhos telefônicos, diante da banalização das ocorrências criminosas.

Sobre o assunto, Manes Erlichman, vice-presidente e diretor técnico de uma corretora de seguros, afirmou que a cobertura do seguro garante uma proteção extra ao celular.

“De acordo com pesquisa da F-Secure, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de roubo de celular, sendo que 25% da população já esteve envolvida em alguma ocorrência com o aparelho. Contratar um seguro para celular é necessário para garantir que o seu investimento de meses esteja protegido e livre de qualquer imprevisto que possa acontecer”, iniciou.

Para ele, o principal interessado em fazer o seguro é a pessoa que usa muito o aparelho na rua, já que fica mais vulnerável a roubos e danos por quedas.

Entenda o que fica protegido e o que não fica com a contratação dos seguros

De modo geral, a apólice de seguro de celular não é “cara” quando comparada a do seguro automotivo, por exemplo. Em geral, estão abrangidas pelo contrato as seguintes situações:

● Queda acidental e danos involuntários causados ao aparelho.
● Danos elétricos causados por curto circuito.
● Roubo e furto mediante arrombamento.
● Furto simples.

Por outro lado, também é importante destacar que existem coberturas que não estão comumente incluídas na apólice de seguro celular e que isentam as seguradoras de indenizar o cliente caso elas sejam constatadas:

● Desaparecimento, perda ou extravio do aparelho.
● Furto em decorrência do abandono do celular.
● Má utilização e desgaste natural por uso.
● Utilização inadequada ou não cumprimento das instruções do fabricante.
● Danos que já existam antes da contratação do seguro.
● Atos dolosos por parte do segurado.

Análise jurídica: como funciona o seguro para aparelhos móveis?

Para entender melhor como funcionam, em termos legais, os seguros para celulares no Brasil, a reportagem do Folha Vitória ouviu especialistas.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Segundo João Pedro Leite Barros, Doutor em Direito pela Universidade de Brasília, professor e advogado, o consumidor deve ter atenção quando eventualmente for contratar seguro de celular, especialmente com relação às situações que terão cobertura.

“Normalmente se busca um seguro para prevenção de situações rotineiras, como por exemplo: queda acidental, danos decorrentes de contato com líquido no aparelho, danos elétricos provenientes de variações anormais de tensão elétrica. Há também quem pretenda ter seu celular assegurado contra furto simples, roubo e outras situações criminosas. Para saber se isso está assegurado, é necessário ter atenção ao contrato”, disse.

De acordo com o professor, as informações contidas na apólice de seguro devem ser transparentes e compreensíveis para qualquer pessoa. “Caso contrário, estaremos diante de ato ilícito provocado pelo fornecedor”, acrescentou.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Também de acordo com Matheus Soella, advogado especialista em Direito Civil e Seguros, como regra, o contrato representa a autonomia das partes (contratante e empresa contratada), porém, é possível que existam cláusulas abusivas.

“Deve-se reconhecer abusividade quando houver exclusão de risco em contrato padrão, com previsões abstratas e genéricas, de modo a impor desvantagem ao consumidor e esvaziar o objeto do contrato”, esclareceu o jurista.

Soella também explicou que os contratos de seguro consideram prazo certo de vigência, porém, é possível que haja a extinção contratual antecipada. “Nesse caso de antecipação devem as partes observar a previsão contratual e, sobretudo, o término da cobertura quanto ao bem objeto do contrato”, finalizou.

Pessoas que contrataram seguro se dizem satisfeitas

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Júlio Bonella trabalha com inovação 

À reportagem, o empresário Júlio Bonella, de 32 anos, contou que contratou seguro para o celular dele em novembro do ano passado e que paga cerca de R$ 50 por mês. “Eu tenho um S21 Ultra e para mim vale muito a pena ter essa segurança. Meu celular é hoje ferramenta de trabalho”, iniciou.

“Eu precisava de um aparelho mais robusto para a empresa e o custo que eu teria para recomprar este modelo ficaria em torno de R$ 6 mil. Já me ocorreu de ter sido furtado ou de ter parado de funcionar. Quando isso aconteceu, eu precisei ter todo esse dinheiro para gastar em um celular novo e não era meu momento, é uma quantia que faz falta. Se acontecer de eu perder ou ser roubado hoje, precisaria pagar apenas 15% do valor de mercado, que seria R$ 700, para ter um novinho”, disse.

Da mesma forma, a gerente administrativa Juliana Parrini, de 32 anos, contou que ter feito o seguro evita prejuízos maiores. “Fiz há dois anos e tenho um Iphone 11. Para mim é bem satisfatório ter o seguro, já que tive aparelhos furtados duas vezes e é um produto caro”, resumiu a também nutricionista.

“Se tivesse feito logo da primeira vez, o prejuízo da segunda vez teria sido bem menor. Espero que nunca precise usar o seguro, mas não pretendo ficar esperando uma terceira vez acontecer para estar preparada. Pelo menos assim eu fico mais tranquila”, disse.