Geral

Choques e facadas: universitária conta como é viver com a "pior dor do mundo"

A estudante de Veterinária Carolina Arruda é portadora de uma doença rara chamada neuralgia do trigêmeo, que atinge a região da cabeça; entenda a condição

Foto: Montagem / Folha Vitória

A estudante de Veterinária Carolina Arruda, de 27 anos, é portadora de uma doença rara descrita como a “pior dor do mundo”: a neuralgia do trigêmeo, que atinge o nervo responsável pela mastigação e sensibilidade. 

O resultado são dores que vão desde o topo da cabeça, atingindo todo o rosto, além da boca e da língua. Por conviver com este diagnóstico por 11 anos a universitária deseja fazer eutanásia.

No entanto, a lei brasileira não permite o procedimento, que consiste na administração de medicamentos que levam à morte sob supervisão médica. 

Carolina deseja viajar para a Suíça, um dos países em que a legislação permite a realização da eutanásia, e busca doações para viabilizar a viagem.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

A universitária compartilha sua rotina nas redes sociais e explica no texto da vaquinha que a “batalha contra a doença começou há 11 anos” e, desde então, esgotou todas as opções médicas possíveis para enfrentar a dor insuportável que sente diariamente.

“Já me submeti a quatro cirurgias – descompressão microvascular, rizotomia por balão e duas neurólises por fenolização. Além disso, tentei inúmeros tratamentos farmacológicos, incluindo anticonvulsivantes, analgésicos, opióides e antidepressivos”, descreve. 

A neuralgia do trigêmeo pode se manifestar como se fosse choque, facada ou pontada no rosto. O paciente chega a apresentar de 10 a 50 episódios por dia, segundo especialistas.

“A dor é comparável a choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede 220 volts que atravessam meu rosto constantemente, sem aviso e sem trégua. Infelizmente, a minha situação é ainda mais complicada porque é bilateral – ou seja, afeta ambos os lados do meu rosto”, revelou Carolina. 

LEIA TAMBÉM: PMMA: o que é a substância usada em influencer que morreu após procedimento

O que diz a lei brasileira

“Eutanásia” significa “boa morte” e vem das palavras gregas “eu” (bem) e “thanásia” (morte). Este tema continua a gerar debates intensos, dividindo especialistas nas áreas médica e jurídica tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Embora ela não esteja definida como crime no Código Penal brasileiro, quem a pratica pode ser acusado de homicídio doloso, de acordo com a advogada Daniela Vespucci, com pena que pode chegar a 20 anos de prisão.

Entretanto, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2012 autoriza a ortotanásia. Ela permite que médicos, com consentimento dos familiares ou do próprio paciente, possam limitar ou interromper tratamentos em casos de doenças graves sem cura.

O que causa a neuralgia do trigêmeo?

Segundo a Rede D’Or São Luiz, a neuralgia do trigêmeo é provocada pelo deslocamento de uma artéria, que pode ocorrer devido a um aneurisma ou outras causas, resultando na compressão do nervo trigêmeo. 

A dor é geralmente desencadeada por um estímulo sensorial. Em jovens, essa condição é frequentemente atribuída a lesões nervosas causadas pela esclerose múltipla.

Após o diagnóstico, a dor pode ser desencadeada pelo toque em um ponto específico (um “ponto gatilho”) na face, lábios ou língua, ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar. 

A condição é mais prevalente em mulheres e em pessoas acima de 40 anos.

Primeiros sintomas e sinais de atenção

O primeiro sintoma da neuralgia do trigêmeo é, geralmente, uma forte pontada facial que surge de forma repentina. 

Embora a crise dure apenas alguns segundos, ela costuma reaparecer em intervalos curtos. O diagnóstico da doença é feito através de uma ressonância magnética do crânio (RMC).

É possível tratar?

Apesar de não haver cura para a neuralgia do trigêmeo, o tratamento visa controlar a dor. 

Os medicamentos anticonvulsivantes, como a carbamazepina, são os mais utilizados e têm mostrado a melhor eficácia no alívio da dor.

Existem também opções de tratamento cirúrgico e percutâneo, que são procedimentos minimamente invasivos realizados sob orientação de raio X.

*Com informações do Estado de Minas e UOL

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

Produtora Web

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória