Quarenta e quatro moradores de Vila Velha, que ficaram desabrigados devido a chuva do último fim de semana, continuam vivendo em uma escola no bairro São Conrado. O local foi providenciado pela prefeitura do município para receber as pessoas que tiveram suas casas interditadas pela Defesa Civil e que também não têm condições de ficar em casas de parentes ou amigos.
As salas de aula da Unidade Municipal de Ensino Infantil (UMEI) Maria Elisa Vereza Coutinho viraram quartos improvisados para as 14 famílias que estão no local e que ainda não têm um destino certo. A unidade chegou a receber 90 desabrigados, mas alguns deles já conseguiram voltar para suas residências.
Uma das que permanecem no unidade de ensino é a dona de casa Patrícia da Costa, que está no local desde sábado com o filho de 1 ano e 8 meses. “Está menos conturbado, porque a gente está se alimentando. É mais o constrangimento, porque é muita gente, muita criança, muita correria”, contou a dona de casa à equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, que esteve na escola na tarde desta segunda-feira (20).
A rotina de Marta de Oliveira também foi mudada desde o último fim de semana. Ela está no abrigo com os cinco filhos e conta que perdeu tudo que tinha. “Só foi o tempo mesmo de botar as coisas para cima e a água já foi invadindo tudo. Perdi tudo, mas graças a Deus cheguei aqui e me deram os cinco colchões”, disse.
A dona de casa Claudia Garcia Lemos contou que a água chegou de repente em sua casa. “Era uma hora da manhã quando começou a chuva muito forte e eu dei aquela intuição de acordar, porque eu perdi o sono e não consegui dormir mais. Toda hora eu levantava”.
“Quando a gente foi parar para perceber, já estava para mais de um metro”, completou o sobrinho dela, o autônomo Israel de Melo.
Além da alimentação fornecida pela Prefeitura de Vila Velha, várias doações têm chegado à creche. “As famílias que estão pedindo alimentação é para que eles possam levar para casa, porque em casa eles estão sem nada. Mas aqui no abrigo a prefeitura está fornecendo alimentação”, ressaltou a gerente de proteção social especial da PMVV, Maria Eliza de Melo.
Além dos alimentos, também há quem doe tempo para ajudar os desabrigados que estão na creche. É o caso da técnica em saúde bucal Melissa Emanuelle e da assistente social Josy Nunes. “A gente faz tudo com muito amor. Fazemos outras ações em hospitais, asilos, mas agora é um momento de ajudar o povo daqui de Vila Velha. Somos de Vila Velha, e pedimos ajuda a alguns amigos, parceiros e muitos nos ajudaram”, contou Melissa.
As aulas na creche foram suspensas por tempo indeterminado e, enquanto a água não baixar, não há previsão de quando as famílias poderão voltar para suas casas. “A Defesa Civil já fez a visita e vai fazer o laudo para que a gente possa liberar essas famílias para voltar para casa”, frisou Maria Eliza de Melo.
Por meio de nota, a Prefeitura de Vila Velha informou que as pessoas que chegaram sem local para dormir ficaram instaladas provisoriamente nos abrigos da PMVV e foram cadastradas pela Assistência Social para receber alimentação, colchões e materiais de higiene. Ainda segundo a prefeitura, diversas famílias com crianças receberam atendimento de equipes especializadas.
A Prefeitura de Vila Velha informou também que, com a vazão da água e o fim da maioria dos alagamentos, a previsão é de que a maior parte das pessoas retorne a suas casas entre esta segunda (20) e terça-feira (21).
