Uma atividade realizada por alunos do terceiro ano do Ensino Médio da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul, virou alvo de uma avalanche de críticas nos últimos dias. Com o tema ‘Se Nada Der Certo’, os estudantes se vestiram com roupas características de profissões como vendedores ambulantes, garçons, atendentes de redes de fast-food, vendedoras de lojas de cosméticos e faxineiros.
Rapidamente, as fotos da atividade começaram a circular pelas redes sociais e a página da instituição foi inundada de avaliações negativas. Muitos internautas fizeram publicações rechaçando a atitude da escola, acusando-a de elitismo e discriminação.
“A gente está fazendo um intervalo temático diferenciado e é uma ideia que várias escolas fazem chamada: ‘Se Nada Der Certo’. Quando termina o ensino médio, as pessoas têm vários planos para o futuro como faculdade, vestibular… Mas se nada disso der certo, se você tiver que improvisar na vida é uma ideia do que fazer para ganhar dinheiro tendo só o ensino médio”, explicou um estudante.
Procurada pela reportagem, o IENH ainda não se pronunciou. No Facebook e no site da escola, porém, há uma nota de esclarecimento, que diz que “o objetivo principal dessa atividade foi trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular, de forma alguma foi fazer referência ao ‘não dar certo na vida'” e que “atividades como essa auxiliam na sensibilização dos alunos quanto à conscientização da importância de pensar alternativas no caso de não sucesso no vestibular e também a lidar melhor com essa fase”.
Em entrevista ao programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória, o doutor em educação Marcelo Lima explicou que a escola corre risco de praticar uma “deseducação” com a atividade promovida aos alunos.
“É bastante controverso esse tipo de estratégia de formação dos alunos, porque os estudantes precisam sim trazer a temática do trabalho para o seu currículo, por isso que existem cursos de formação profissional. O Ensino Médio tem que estar conectado ao mundo do trabalho como a própria legislação diz. No entanto, são muitas as formas de abordagem. A escola corre o risco de produzir deseducação com esse tipo de atividade, porque as profissões de todos os trabalhadores são necessárias”, fala.
Confusão
Ações como o ‘Se Nada Der Certo’ ainda são comuns em diversas escolas, e as imagens divulgadas acabaram espalhando informações falsas. Um post do Facebook que já foi compartilhado mais de 8 mil vezes usa uma notícia antiga do site do Colégio Marista Champagnat, em Porto Alegre, para acusá-lo de ter feito a atividade.
A página oficial do colégio gaúcho, então, começou a ser alvo de avaliações e comentários com críticas. A instituição explica que realmente realizou a atividade, mas em 2015. Desde então, a prática foi abolida do calendário escolar.
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Com informações de Estadão Conteúdo.