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Comentários de atrizes sobre maternidade gera polêmica nas redes sociais

As famosas foram criticadas por expor suas opiniões sobre a forma que lidam com a maternidade

Foto: Divulgação / Instagram

Os comentários das atrizes Samara Felippo e Luana Piovani sobre maternidade foram alvos de críticas e desde então mães estão usando a internet para falar sobre a maternidade na expectativa e em sua realidade.

Um dos posts foi o de Samara.“Eu amo minhas filhas. Mas não amo tanto ser mãe”. A atriz foi foi alvo de críticas e julgamentos dos internautas. Na última quinta-feira (09), ela fez um desabafo sobre tudo que leu. “Nas últimas semanas, me surpreendi com a repercussão que a declaração real de uma mãe pode causar. Uma declaração sincera, porque para mim maternidade tem que ser sincera. Fico imaginando se fosse um pai, apesar de não conseguir imaginar uma declaração vinda de um pai. Com suas raras exceções”, escreveu.

Outro exemplo é o da atriz Luana Piovani, que viajava com os filhos e fez um vídeo reclamando sobre o comportamento das crianças durante o passeio. “Não dá para viajar com esses sacis que eu pari. Eu descobri o porquê de Tia Augusta ser rica. Porque não tem nada mais insuportável do que viajar com criança. E olha que eu tenho três. Acho que estou com essa decisão tomada, não dá para viajar com eles de jeito nenhum”. 

No momento em que a mulher se “percebe” grávida tudo muda. É importante saber que o amor de mãe não é instintivo, não é inato. Ele é construído. Em todos os pilares da vida construir expectativas sobre algo e elas não se tornarem reais é frustrante e com a maternidade não é diferente. Existem cobranças pessoais da mulher, existem cobranças dos familiares, amigos e até mesmo da sociedade, e, lidar com elas não é uma tarefa fácil.

A psicanalista Cássia Rodrigues, comenta que muitas mulheres sofrem porque constroem o amor muito romântico. “O amor precisa ser de decisão. A mãe precisa entender as etapas do filho, que é um ser humano que precisa muito do amor dos pais. Essa mulher precisa estar madura para entender que filho dá muito trabalho. Essa idealização da gravidez maravilhosa e de uma família unida, com um pai muito presente, também atrapalha nesse processo. A mãe precisa estar preparada para lidar com os desafios da maternidade”.

Cássia explica que quando o bebê nasce, ele precisa de muito amor e de muito limite. “É preciso ensinar que ele é muito amado, mas que ele não será atendido em todos os desejos e todas as expectativas. Mas, para fazer isso, os próprios pais precisam saber lidar com as suas frustrações. Se isso não estiver muito bem resolvido, eles tendem a querer compensar os filhos nas coisas que eles mesmos foram frustrados”, alertou. 

Para a especialista é fundamental entender que o filho é outro ser humano e que isso precisa ser respeitado. Esse filho não veio ao mundo para suprir as expectativas da mulher ou do homem, mas para construir a sua própria personalidade, sua própria vida.

A psicóloga Bianca Martins, alerta que falar sobre as dificuldades que serão enfrentadas com a concretização da maternidade é muito importante. A especialista também comenta que o comportamento das mães são diferentes entre si, porque suas experiências, histórias e reflexos também são. “O problema é que alguns modelos impostos de maternidade pela sociedade podem criar expectativas. Cada mulher tem uma representatividade única e singular. A forma que agem, como lidam com o momento estão relacionadas a suas heranças, como foram tratadas na infância e como são na vida adulta, e como foi a sua criação, tudo isso reflete no papel de mãe. Existem uma série de conselhos e pitacos de como cuidar do bebezinho, mas na prática é bem diferente”. 

Para algumas mulheres a experiência de ser mãe vai ser muito tranquila, para outras muito complexa, não existe uma receita que paute o que é maternidade. Cada mulher encara sua realidade de uma forma diferente. 

Frustração

Bianca explica que o sentimento de frustração materno é interpretado em nossa cultura como se a mulher fosse uma mãe ruim, e segundo a especialista o pensamento é absurdo, porque cada mulher será a mãe que ela pode ser, com o que ela tem de recurso e principalmente com o que ela tem de apoio. “O que a gente nota é que muitas mulheres ‘fracassam’ no lado maternal por falta de apoio e não por falta de vontade. A nossa cultura lança na mulher o lado árduo do fardo de serem praticamente as únicas responsáveis pela criança, e isso que é frustrante. A mulher precisa trabalhar fora, cuidar da casa, ser responsável pelos cuidados de um bebê, o que é muita coisa. A mulher também cansa”, falou Bianca. 

A psicóloga Bianca fala sobre importância do apoio para que mulheres não se frustem: 

Depoimentos de mães não famosas

Ionas Bourguignon, mãe a primeira vez aos 26 anos: “Posso garantir que hoje amo muito mais a minha filha do que quando a tive nos braços pela primeira vez. O amor é um aprendizado. Como tal, ele cresce e amadurece a cada dia. Inclusive o amor materno”

Ilze Mainente, mãe a primeira vez aos 17 anos: “Só me arrependo de não ter feito uma estrutura antes porque foi tudo muito difícil. Mas, hoje vendo meus filhos e netos bem, me orgulho muito de ser mãe e avó”. 

Mônica Oliveira, mãe a primeira vez aos 18 anos: “Fui mãe sem planejamento. Foi tudo muito difícil. Filho deveria vir com manual”.

Kessye Barcellos, mãe a primeira vez aos 18 anos: “Amo a minha filha, mas tive que aprender a amar e ser mãe. É muita abdicação pessoal, não é fácil”. 

Sanny Bigossi, mãe a primeira vez aos 27 anos: “Interrompi uma carreira promissora na dança , mas quando soube que tinha uma princesa à caminho, dancei na vida e hoje danço e rodopio no jeito de cria-la para o caminho do bem”.