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Comida de mãe, mais que tempero, histórias e muito amor

Memória e afeto são os verdadeiros ingredientes secretos quando o assunto é tempero de mãe.

Foto: Divulgação – Piu Especiarias
A massa é uma receita de família na Piu Especiarias

Tempero de mãe é o amor, não há quem duvide dessa afirmação. Os grandes chefs de cozinha que nos perdoem, mas não tem como competir com comida de mãe. É uma briga desleal. A verdade é que as receitas não precisam nem ser muito elaboradas, mesmo os pratos mais simples têm o poder de estabelecer conexões entre mãe e filho.

“Hoje eu vejo a falta que a comida da minha mãe me faz. Quando eu vou cozinhar, ligo para ela e tento seguir cada passo da receita, mas nem o meu arroz fica igual ao dela. Eu faço tudo igual, mas quando como eu não sinto o mesmo gosto”, contou o publicitário de 26 anos, Epaminondas Terezo Paulino.

Foto: Fabio Oliveira

Mais que alimentar, comida de mãe gera conexões, cria memórias. A psicóloga Gisélia Freitas explicou que a memória afetiva é formada nos primeiros anos de vida, e que a família tem um papel fundamental na formação dessas recordações. “A família é um lugar cheio de afeições, cheio de significação. Tudo que diz respeito à essas pessoas, tudo aquilo que te remete aos momentos que você passou junto deles, a gente chama de memória afetiva. Nesse caso, não é a comida que emociona, é o que ela faz lembrar”, explicou.

Ainda segundo a psicóloga, o cérebro estabelece conexões entre fatos e sensações. “A consciência seleciona um momento que fica registrado na memória, algo que te afeta de alguma forma. E existem cheiros, gostos que remetem ao momento, que te fazem lembrar da situação. A maioria dessas informações é registrada na primeira infância”, disse.

Epaminondas entende bem essa conexão. Ele conta que algumas comidas não somente o remetem à lembrança da mãe, mas aos momentos que passaram juntos na infância. “Eu sou apaixonado por muita coisa que a minha mãe cozinha, mas toda vez que eu como salada de frutas, me transporto para a minha infância. Lembro que todo sábado a minha mãe fazia salada de frutas e comíamos sentados no chão da sala. Era o momento de papear, conversar sobre a vida”, relembrou.

Memórias como essas, segundo a psicóloga, são importantes para que a pessoa estabeleça momentos de autoconhecimento. “ É muito importante para o nosso desenvolvimento. A memória afetiva traz uma oportunidade de revisar e compreender determinadas questões da nossa vida, que muitas vezes podem estar bloqueadas”, explicou a psicóloga.

O publicitário, que saiu do interior de Minas Gerais para estudar, concorda com a explicação da psicóloga. De acordo com Epaminondas, são essas memórias que servem para relembrar o que, de fato, é importante.

“Minha mãe sempre dizia que um dia eu iria sentir falta da comida dela, hoje eu vejo que essa frase é muito verdadeira. Quando eu tenho essas memórias, é como se eu conseguisse ter ainda mais consciência de tudo que passei pra chegar até aqui”, contou o publicitário.


Receitas de família

Alguns temperos são tão especiais, que precisam ser compartilhados. Além de carregar suas próprias histórias, algumas receitas de família, passadas de mãe para filhos, criam laços e estabelecem conexões entre outras pessoas.

E para estabelecer essas conexões e ressignificar receitas que já carregam amor ao longo de gerações, restaurantes como o Piu Especiarias, na Praia do Canto, oferecem parte de sua história para os clientes. “O nosso restaurante é todo pensado para atender às famílias, e isso vai desde o ambiente até o cardápio. Muitos pratos que colocamos em nosso cardápio, são pratos que fazemos no dia a dia, receitas da família mesmo”, contou o proprietário do restaurante, Rafael Dalla.

O prato mais pedido da casa é uma receita de família. “Nosso carro chefe, a massa, é uma receita da minha avó e está na família há anos. Eu não lembro, por exemplo, dos meus pais comprando macarrão. A gente acordava cedo para fazer a massa e comer no almoço. O meu trabalho me remete muito à minha infância”, disse.

Rafael explicou que, para o dia das mães, o foco é tirar a mãe da cozinha, mas continuar comendo uma comida caseira. “Vamos oferecer um cardápio bem caseiro, nossas receitas são coisas que fazemos em casa e trazemos para cá, a ideia é manter o tempero familiar. Não usamos nada industrializado. Tudo bem comida de casa. Vamos tirar as mães da cozinha, mas sem tirar o tempero de mãe da comida”, afirmou.

De a acordo com uma pesquisa de intenção de compra no dia das mães, realizada pelo  Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em 2019 mais famílias irão comemorar a data fora de casa. 

Praticamente quatro em cada dez entrevistados garantiram que as comemorações vão acontecer na casa da mãe (37,4%),  outro irão preparar o famoso almoço de domingo em  suas próprias casas (28,0%). A novidade é que cerca de 12,6% dos entrevistados irá levar a família para comemorar o dia das mães em um restaurante. O dado reflete um aumeto de 6,1% em relação a 2018.