Os incêndios florestais são um problema ambiental cada vez mais grave, especialmente em regiões propensas à seca, como o Brasil, que está passando por uma alarmante onda de queimadas.
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Em agosto de 2023, o país registrou 68.635 focos de incêndio, um número que não era visto desde 2010, quando atingiu 91.085 ocorrências.
Esse aumento preocupante tem provocado uma piora significativa na qualidade do ar, trazendo impactos severos para os pulmões e também para a pele.
O QUE HÁ NA FUMAÇA E COMO ELA IMPACTA A PELE?
A fumaça resultante de queimadas é composta por uma complexa mistura de partículas finas e gases tóxicos, como dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, além de partículas de carbono e outros compostos orgânicos voláteis.
Esses poluentes não apenas afetam diretamente a respiração, mas também podem causar danos significativos à pele, sendo um agente catalisador de inflamações e envelhecimento precoce.
A médica pós-graduada em dermatologia, Dra. Nicolly Machado, alerta que o impacto da fumaça de incêndios sobre a pele vai além da simples exposição a poluentes.
“A qualidade do ar influencia muito a saúde da pele. A fumaça de incêndios e o ar poluído podem deixar a pele ressecada, irritada e até causar coceira ou inflamações, como dermatites”, explica ela.
Os poluentes presentes na fumaça agem diretamente sobre a barreira protetora da pele, conhecida como barreira lipídica.
Quando essa barreira é comprometida, a pele perde sua capacidade natural de reter umidade, o que resulta em ressecamento e descamação.
Além disso, a poluição acelera o processo de oxidação celular, aumentando a produção de radicais livres, que são os grandes responsáveis pelo envelhecimento precoce.
“Os poluentes presentes nessas fumaças também aceleram o envelhecimento, fazendo aparecer rugas e manchas mais cedo”, complementa a Dra. Nicolly.
ESTRESSE OXIDATIVO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
O termo “estresse oxidativo” refere-se ao desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do corpo de neutralizá-los por meio de antioxidantes.
A exposição contínua à fumaça e à poluição é um dos principais fatores que contribuem para o aumento dos radicais livres na pele.
Esses radicais danificam as células da pele, degradam o colágeno e a elastina, o que resulta no aparecimento de rugas, flacidez e manchas.
Um estudo publicado no Journal of Investigative Dermatology demonstrou que a poluição do ar aumenta a produção de proteínas inflamatórias na pele, o que acelera o processo de envelhecimento.
Além disso, o estudo mostrou que a exposição a altas concentrações de partículas poluentes está diretamente ligada ao aumento de manchas escuras no rosto, especialmente em áreas urbanas altamente poluídas.
DANOS À BARREIRAS CUTÂNEAS E ALERGIA
Outro efeito importante da exposição à fumaça é o comprometimento da função da barreira cutânea. Essa barreira, formada por lipídios e ceramidas, tem a função de proteger a pele contra agentes externos e evitar a perda excessiva de água.
Quando exposta aos poluentes presentes na fumaça, a integridade dessa barreira é prejudicada, tornando a pele mais suscetível a alergias, inflamações e infecções.
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A médica ressalta que o ar seco, comum durante períodos de incêndios e baixa umidade, também agrava o problema.
“O ar seco deixa a pele mais vulnerável a alergias e infecções, uma vez que a barreira cutânea está fragilizada”, destaca a Dra. Nicolly.
Isso significa que, além do ressecamento, a pele pode apresentar sintomas como vermelhidão, coceira e até descamação, sendo necessária uma atenção especial aos cuidados diários.
COMO PROTEGER A PELE DOS EFEITOS DA FUMAÇA?
Proteger a pele durante os períodos de alta poluição é fundamental para evitar os danos a curto e longo prazo.
Algumas práticas simples podem fazer uma grande diferença na saúde da pele, reduzindo os impactos negativos dos poluentes presentes na fumaça.
A seguir, confira dicas essenciais de cuidados com a pele.
Hidrate bem a pele:
A hidratação é uma das etapas mais importantes do cuidado com a pele em períodos de poluição. A pele bem hidratada possui uma barreira protetora mais eficaz contra as agressões externas.
“Utilize cremes hidratantes com ingredientes como ácido hialurônico, glicerina e ceramidas, que ajudam a fortalecer a barreira da pele”, sugere a dermatologista.
Além disso, produtos com antioxidantes, como a vitamina C, podem auxiliar no combate aos radicais livres, que danificam a pele.
Lave o rosto regularmente:
A limpeza da pele é crucial para remover as partículas de poluentes que se acumulam ao longo do dia.
“Lave o rosto pelo menos duas vezes ao dia, de preferência com produtos suaves que não agridam a pele”, recomenda a Dra. Nicolly.
Evitar sabonetes agressivos e preferir produtos que respeitem o pH natural da pele também é uma medida importante para não danificar ainda mais a barreira cutânea.
Use protetor solar diariamente:
O uso do protetor solar não deve ser limitado apenas aos dias ensolarados. Mesmo em dias nublados ou com muita fumaça, o protetor solar é essencial.
Ele protege contra os danos dos raios ultravioleta e também cria uma barreira contra os poluentes presentes no ar. Dê preferência a protetores solares com antioxidantes, que ajudam a neutralizar os efeitos dos radicais livres.
Beba bastante água:
A hidratação de dentro para fora é igualmente importante para manter a pele saudável. Durante os períodos de baixa umidade e alta poluição, beber água regularmente ajuda a manter a pele hidratada e a eliminar toxinas.
A ingestão adequada de líquidos pode, inclusive, ajudar a pele a se recuperar mais rapidamente dos danos causados pelo ambiente.
Evite esfoliações excessivas:
Esfoliar a pele em excesso pode deixá-la mais sensível e exposta aos danos causados pela poluição.
“A esfoliação deve ser feita com moderação, no máximo uma ou duas vezes por semana, e sempre com produtos suaves”, aconselha a médica.
Esfoliantes muito abrasivos podem retirar a camada protetora natural da pele, tornando-a mais vulnerável a inflamações e irritações.
Use máscaras faciais de proteção:
O uso de máscaras faciais tem sido amplamente adotado para a proteção respiratória, mas também pode funcionar como uma barreira física contra os poluentes que entram em contato direto com a pele.
A dermatologista sugere o uso de máscaras de tecido respirável, que ajudam a reduzir a exposição às partículas finas. No entanto, ela alerta sobre o uso prolongado de máscaras inadequadas, que podem causar atrito na pele e gerar irritações.
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OS EFEITOS A LONGO PRAZO DA POLUIÇÃO NA PELE
O contato frequente com a fumaça dos incêndios pode ter efeitos cumulativos sobre a pele. Estudos indicam que a exposição prolongada a ambientes poluídos está associada ao aumento de doenças dermatológicas, como dermatite atópica, acne e psoríase.
Além disso, a poluição está fortemente ligada ao envelhecimento precoce, resultando em uma pele com mais rugas, manchas e perda de elasticidade.
O impacto da poluição no organismo como um todo não pode ser subestimado, e o cuidado com a pele é apenas uma parte da prevenção dos danos à saúde.
Além das medidas de proteção dermatológica, é importante manter hábitos saudáveis, como uma alimentação rica em antioxidantes e o uso de suplementos, sob orientação médica, que ajudem a neutralizar os efeitos dos poluentes.