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Como condição para fim da guerra, Putin pede ao Exército ucraniano que tire o presidente do poder

Já o porta-voz do governo russo disse aos repórteres que o Kremlin havia concordado em realizar conversas com a Ucrânia, em um encontro a ser realizado em Belarus

Foto: ASSOCIATED PRESS ESTADÃO CONTEÚDO
Putin incentivou as tropas da Ucrânia a tomarem o poder no país e derrubarem o próprio presidente

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu nesta sexta-feira (25) ao Exército ucraniano que “tome o poder” em Kiev e derrube o presidente Volodmir Zelenski e seu entorno, a quem chamou de “neonazistas e viciados em drogas”.

Putin deu a entender que a saída do presidente da Ucrânia poderia precipitar o fim da invasão russa. “Tomem o poder em suas mãos. Acho que vai ser mais fácil negociar entre mim e vocês”, disse Putin ao Exército ucraniano em um discurso televisionado, pouco antes de ele se encontrar com seu conselho de segurança.

O presidente russo afirmou que não combate unidades do Exército, e sim formações nacionalistas que se comportam “como terroristas” usando civis “como escudos humanos”.

Putin afirmou, no fim da manhã desta sexta-feira (25), que a Ucrânia foi dominada por grupos neonazistas, que “agem como os terroristas de outras partes do mundo”.

O presidente russo acusou esses grupos, que denominou de “bandos de viciados em drogas”, de estarem fabricando mortes de civis para culpar a Rússia posteriormente. Ele também acrescentou que os militares russos na Ucrânia estavam agindo “com bravura, profissionalismo e heroísmo” contra os inimigos.

Governo russo anuncia que está disposto a dialogar

Apesar da fala de Putin, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que o governo russo havia concordado em realizar conversas com a Ucrânia, dizendo que o país está disposto a enviar uma delegação à capital de Belarus, Minsk, para conduzir o diálogo. 

“Em resposta à oferta do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Vladimir Putin está pronto para enviar a Minsk uma delegação russa”, disse Peskov, acrescentando que os representantes incluiriam funcionários da defesa e dos ministérios das Relações Exteriores, assim como do gabinete presidencial.

A capital de Belarus já era a cidade em que conversações e acordos de paz foram realizados anteriormente entre Rússia e Ucrânia, depois da ocupação da Crimeia pela Rússia, em 2014.

Em uma declaração em vídeo nesta sexta-feira, Zelensky pediu a Putin que se reunisse para conversas. “Gostaria de me dirigir ao presidente da Federação Russa mais uma vez. A luta está acontecendo em toda a Ucrânia. Vamos sentar à mesa de negociações para impedir a morte de pessoas”, disse ele em russo em um vídeo publicado em seu canal no Telegram.

Presidente ucraniano cogita abrir mão da Otan

Em outro pronunciamento, Zelenski afirmou que a invasão russa é como um ataque da Segunda Guerra Mundial e que está disposto até mesmo a adotar um “status neutro” — o que, na prática, significaria o abandono da ambição de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Não temos medo de falar sobre nada. Sobre garantias de segurança para nosso país. Não temos medo de falar sobre o status neutro, e não estamos na Otan no momento”, disse, antes de ressaltar que essa condição tornaria seu país vulnerável a futuras agressões. “Mas que garantias e, mais importante, quais países específicos nos dariam garantias?”

Foto: ASSOCIATED PRESS ESTADÃO CONTEÚDO
Volodymyr Zelensky disse que está disposto a adotar um “status neutro”, a fim de cessar o ataque russo

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse, no entanto, que a Ucrânia “perdeu a oportunidade das negociações de segurança” e está “simplesmente mentindo” ao mostrar disposição para discutir um status neutro. 

“O presidente Zelenski não disse a verdade, ele simplesmente os enganou”, disse Lavrov. “Ele está mentindo quando diz quer discutir o status neutro da Ucrânia. Ele perdeu a oportunidade das negociações de segurança”.

Lavrov afirmou que a diplomacia só terá lugar quando a Ucrânia depuser armas e se render. “Estamos prontos para negociações, a qualquer momento, assim que as Forças Armadas ucranianas ouvirem nosso chamado e depuserem suas armas”, disse o chanceler. “Ninguém irá atacá-los, ninguém irá feri-los, poderão voltar para suas famílias”, acrescentou.

Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, reforçou o compromisso da aliança militar em apoiar a Ucrânia e disse que a Rússia é a única responsável pelo conflito que se instalou no Leste Europeu. 

“Condenamos as ações da Rússia nos termos mais fortes possíveis e fazemos um apelo para cessar a ação militar. Respeitamos a soberania e integridade da Ucrânia e seu direito de se defender”, disse a autoridade nesta sexta-feira, antes de reunião com líderes de países membros da Otan, Suécia, Finlândia e União Europeia (UE).

Com informações do Portal R7, Estadão Conteúdo e agências internacionais

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