A capacidade de planejar uma ação futura só havia sido comprovada até agora em humanos e outros grandes primatas, mas os corvos também realizam esse tipo de proeza, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de Lund (Suécia).
Um artigo publicado nesta quinta-feira, 13, na revista Science relata uma série de experimentos nos quais os corvos foram capazes de fazer planos para o futuro, de utilizar ferramentas e de abrir mão de uma recompensa imediata para conseguir outra melhor mais tarde.
Como o último ancestral comum entre os corvos e os grandes primatas viveu há mais de 300 milhões de anos, os resultados do estudo indicam que as capacidades cognitivas de “planejamento” apareceram em diferentes ramos da evolução, segundo os autores do estudo, Can Kabadayi e Mathias Osvath, da Universidade de Lund.
Segundo os autores, algumas pesquisas já sugeriam que os corvos poderiam ser capazes de “fazer planos” para além do momento presente, mas essa capacidade parecia restrita ao ato de esconder comida e as conclusões foram questionadas.
No primeiro dos experimentos, os cientistas treinaram corvos para abrir um tipo de quebra-cabeças que consistia em utilizar uma pedra como ferramenta para abrir uma caixa e ter acesso a uma recompensa.
A taxa de sucesso também foi alta, de 78%, em um experimento semelhante no qual os corvos aprendiam que ao receber uma tampa de garrafa, podiam trocá-la mais tarde por uma recompensa. Eles quase sempre escolhiam a tampa de garrafa em vez de outros objetos de distração.
Em outro experimento, os corvos receberam um ferramenta para abrir um dispositivo, várias ferramentas de distração e uma recompensa imediata, mas só podiam escolher um dos itens. A recompensa imediata era menos atraente que a recompensa trancada na caixa. Segundo os cientistas, os corvos demonstraram um nível de autocontrole semelhante ao dos macacos, ao escolher a ferramenta apropriada para obter a recompensa mais valiosa.
Segundo Boeckle e Clayton, os resultados sugerem que o planejamento para o futuro não é unicamente humano e evoluiu independentemente em espécies com relação muito distante, para lidar com problemas comuns.