A rede estadual de saúde contará com mais 169 leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 até o final desta semana. Com isso, o total de vagas nas unidades de terapia intensiva chegará a 353. A portaria que antecipa a segunda etapa da ampliação de leitos de UTI e enfermaria foi publicada nesta terça-feira (28), no Diário Oficial do Estado.
No documento, consta que o Governo do Estado já adquiriu 88 leitos de três hospitais particulares da Grande Vitória e de quatro filantrópicos. Entre os particulares, foram adquiridas mais dez vagas do hospital Santa Mônica, em Vila Velha, dez do Vitória Apart, na Serra, e mais 20 do hospital Vila Velha, no município canela-verde.
Já entre os filantrópicos, o governo adquiriu dez leitos do Hospital Maternidade São José, em Colatina, cinco do Evangélico de Vila Velha, 13 da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim e mais 20 do hospital Evangélico de Itapemirim.
“É necessário que nós tenhamos uma folga, uma tranquilidade na oferta de leitos exclusivos para covid. Então aquilo que estava programado para o mês de maio, nós antecipamos um pouco para o mês de abril, e o que estava programado para o mês de junho, nós antecipamos para maio, na perspectiva que a gente possa trabalhar com a ocupação hospitalar que nos dê tranquilidade para poder retomar algumas atividades econômicas no Estado do Espírito Santo”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes.
A produção da TV Vitória/Record TV questionou aos sete hospitais, para saber se os leitos que serão disponibilizados para o Governo do Estado são novos ou se serão remanejados dos leitos já existentes.
A Santa Casa de Cachoeiro informou que possui 43 leitos de UTI, sendo que 14 são destinados exclusivamente para o tratamento do coronavírus. No entanto, não respondeu ao questionamento feito pela reportagem. Os demais hospitais não deram retorno até a noite desta terça-feira.
Compra
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a aquisição desses novos leitos não será feita da forma habitual. O processo de compra será parecido com o que ocorre nos hospitais filantrópicos parceiros. O pagamento será feito com recursos enviados pelo governo federal.
Cada leito vazio custará R$ 1,6 mil por dia. Quando ocupados, esses leitos passarão a custar R$ 1,5 mil a mais, ou seja, R$ 3,1 mil cada diária. “Os leitos de UTI são caríssimos. Não são leitos que você pode manter durante muito tempo uma ocupação baixa, porque de fato ele tem um custo muito alto”, frisou Fernandes.
“No momento da excepcionalidade da pandemia, nós estamos tendo que trabalhar com um critério de vulnerabilidade do sistema. Então se o sistema estiver operando sempre com 80% a 90% de ocupação, para a situação de desastre epidemiológico é uma situação de grande risco, de grande vulnerabilidade. Para fins do enfrentamento à pandemia agora, nós estamos trabalhando com uma perspectiva de ter uma ocupação hospitalar que trabalhe abaixo de 80%. Que a gente não tenha a necessidade de trabalhar com valores-limites máximos de ocupação, para que não ocorra o que ocorreu em outros países do mundo, de ter que escolher pacientes que vão ou que não vão para o tubo, que vão ou que não vão para um leito de UTI ou enfermaria”, completou.
Atualmente a rede particular conta com 553 leitos de UTI, de acordo com levantamento da Sesa. A secretaria pretende comprar, até o final de junho, 180 leitos de UTI dos hospitais particulares e espera contar com 652 leitos de terapia intensiva para covid-19 até lá.
O secretário, no entanto, destaca que isso não significa que a população deve interromper o isolamento social. “Se mesmo com as medidas já tomadas, de cancelar as aulas, de cancelar os grande eventos, a população não ficar em casa e houver uma grande explosão de casos, nós não teremos leitos suficientes para todo o Estado do Espírito Santo. Então nós estamos projetando uma expansão grande de leitos, mas a partir de um premissa de que o distanciamento social irá continuar durante toda a evolução da pandemia no Estado do Espírito Santo”, enfatizou Nésio Fernandes.
Durante pronunciamento na noite desta terça-feira, o governador Renato Casagrande reforçou o discurso do secretário e não garantiu leito para todos caso haja um aumento significativo da doença nas próximas semanas.
“Estamos preparados para este momento, para esta fase. Mas se houver um crescimento muito grande da pandemia no estado, isso não nos assegura que vamos ter leito para todo mundo. Então é preciso que as pessoas entendam que o isolamento é necessário”, declarou.