“Não houve assédio, mas má interpretação de minhas falas”. Essa foi a justificativa apresentada por um professor de matemática de uma escola estadual da Serra durante reunião conjunta da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos e da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Ele é acusado de assediar sexualmente alunas da unidade de ensino.
Em depoimento prestado aos deputados, o professor confirmou que elogiava as estudantes, mas afirmou que houve excesso nas acusações das supostas vítimas. “Acredito que foi uma questão de interpretação. Eu elogiei alunas, mas se tratava de elogios sem cunho sexual, sem intuito de assédio ou de sair com alguma aluna. Não pratiquei conduta inadequada, nem tive contatos físicos”, afirmou.
No dia 19 de junho, duas estudantes da escola estadual denunciaram o professor, por meio de cartas distribuídas na unidade de ensino. No entanto, as denúncias ganharam maior repercussão quando as supostas vítimas publicaram o caso no Twitter, no dia 24 daquele mês. Na rede social, a hashtag #SuaAlunaNãoÉUmaNovinha ganhou força. As estudantes também disseram que a direção da escola foi omissa quando recebeu as denúncias.
As famílias das alunas procuraram a Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Ales para formalizar as denúncias. De acordo com as adolescentes, o professor da instituição teria pedido para as encontrar fora da escola, além de fazer elogios, insinuações e pedir beijos.
Professor de química
Além das acusações contra o professor de matemática, os deputados receberam denúncia de mãe de aluno que afirmou que um professor de química da mesma escola teria enviado mensagens com teor sexual para o filho. O profissional também foi ouvido na reunião.
Ele afirmou que trocava mensagens com seus estudantes, porém disse que não havia diálogos com conduta sexual. “Eu e meus alunos sempre tivemos boa relação, com todos os alunos. Acredito que às vezes a gente possa se exceder nas brincadeiras, como acontece com amigos ou família. Mas nunca com intenção sexual ou assédio. Em nenhum momento eu tive intenção de assediar ninguém”, declarou.
Ao final dos depoimentos os deputados decidiram encaminhar as denúncias ao Ministério Público, solicitando indiciamento dos investigados.
“Pedimos o indiciamento quanto à responsabilidade penal e também improbidade administrativa, independente do desenrolar das investigações da Secretaria de Estado da Educação”, concluiu o presidente da CPI dos Crimes Cibernéticos, deputado Vandinho Leite (PSDB).