A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) se pronunciou, a exemplo de outras instituições públicas de ensino superior do país, sobre a decisão do Ministério da Educação (MEC) de que as aulas presenciais nas universidades brasileiras fossem retomadas em janeiro. A determinação, no entanto, foi revista pelo MEC e a portaria que estabelecia a data de retorno foi revogada.
Por meio de nota, a Ufes afirmou que a volta do ensino presencial é um desejo de toda a comunidade acadêmica, mas que isso tem de ser feito com diálogo e de forma planejada. De acordo com a universidade, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) está trabalhando na regulamentação da oferta das disciplinas para o próximo semestre letivo, que terá início em 1º de fevereiro 2021, com a previsão de adoção dos formatos de ensino presencial e remoto.
A pró-reitora de administração da Ufes, Cláudia Gontijo, afirma que o MEC também não estava levando em conta as diferenças regionais da pandemia, e que uma solução centralizada, com um protocolo único para todo o país, não será capaz de garantir a volta às aulas presenciais com segurança.
“As taxas de contaminação e a evolução da doença são muito diferenciadas de região para região, de estado para estado, até mesmo de cidade para cidade, dentro de um estado. Então fica muito difícil determinar, a partir do Ministério da Educação, um único comportamento para todas as universidades, sobretudo sabendo que as universidades congregam muita gente. A universidade tem um número de estudantes, de docentes e técnicos muito maior do que muitas cidades, por exemplo, do nosso estado”, destacou.
A estudante do curso de Educação Física da Ufes Fabíola Oliveira disse que viu com estranheza a notícia de que o Ministério da Educação havia decidido pela volta das aulas presenciais. Para ela, a decisão é uma transferência de responsabilidade sobre a segurança da comunidade acadêmica.
“Joga para a universidade uma responsabilidade que é do Estado: garantir que a gente tenha condições de voltar para as aulas, mas com a saúde garantida, no caso da imunização, com a vacina, com tudo que a gente depende para ter segurança para voltar para as aulas”, ressaltou.
A universitária conta que as aulas práticas de seu curso foram suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus e, por enquanto, ela e sua turma só têm assistido a aulas teóricas, de forma remota. Para ela, essa é a melhor saída para o enfrentamento da pandemia.
“Neste semestre, as disciplinas que são essencialmente práticas não foram ofertadas: natação, as disciplinas que envolvem conhecimentos de jogos e que usam os espaços físicos como quadra e tudo mais”, disse.
Decisão revogada
Nesta quarta-feira (2), o Ministério da Educação publicou uma portaria no Diário Oficial da União, decidindo que as universidades federais de todo o país voltariam às aulas presenciais a partir de 4 de janeiro. A medida, no entanto, pegou mal entre as universidades públicas, que reagiram contra a medida.
Com a repercussão negativa, durante a tarde o MEC voltou atrás e revogou a portaria, assinada pelo ministro Milton Ribeiro. De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o ministério deve abrir uma consulta pública em breve para decidir sobre o retorno das atividades.
Em agosto, o Governo do Espírito Santo publicou um decreto autorizando o retorno das aulas presenciais nas instituições públicas e privadas de ensino superior, a partir de 14 de setembro. A Ufes, no entanto, optou por voltar apenas com o ensino remoto. Já as faculdades particulares, de maneira geral, decidiram retornar com o ensino presencial.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV