Convocado emergencialmente pela bancada capixaba no Congresso Nacional, o secretário Nacional da Proteção e Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, afirmou nesta terça-feira (10) que o efeito do desastre ambiental no Espírito Santo será pequeno.
Durante reunião convocada pela senadora Rose de Freitas (PMDB), o general Adriano minimizou os efeitos do desastre ambiental e tentou tranquilizar os parlamentares.
“Esse desastre não está trazendo para o Espírito Santo a contaminação química da origem que possa preocupar qualquer captação de água”, explicou o general.
Baixo Guandu, Colatina e Linhares são os principais municípios do Estado que podem sofrer com o impacto do rompimento das barragens Fundão e Santarém, da mineradora Samarco, em Mariana, na última semana, locais por onde passa o Rio Doce, que nasce em Minas Gerais.
Nesta terça-feira, o rio amanheceu com a cor mais escura em Baixo Guandu, indicando a proximidade da lama, o que chamou a atenção das autoridades e preocupa os moradores.
O general explicou ainda que a lama formada por minério de ferro, areia e terra foi sedimentando pelo caminho após passar por duas barragens antes de chegar em solos capixabas.
Questionado pela senadora Rose de Freitas sobre estudos de impacto sobre o Rio Doce, o general respondeu que ainda “nenhum órgão técnico fez avaliação da quantidade de lama que deverá chegar ao Estado”.
De acordo com o chefe nacional da Defesa Civil, o material que vai chegar no Espírito Santo é considerado pequeno. “Do que eu conversei com a ANA (Agência Nacional de Águas) e alguns técnicos, o material que vai chegar em suspensão [no Espírito Santo] não é grande”, afirmou.
Segundo Adriano, foi solicitado à ANA estudo capaz de mostrar em quantos dias a água do Rio Doce voltará a ter qualidade no Espírito Santo. “Eles já abriram a foz em Linhares, a saída para o mar que estava fechada, que é uma medida fundamental para renovar a água, pois a lama vai chegar e já vai sair”, apontou. A Defesa Civil informou que o volume de água em Colatina também aumentou, sem detalhar a quantidade.
Sobre o risco de desabastecimento de água, a senadora Rose de Freitas cobrou ação do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), que atende a região Noroeste, junto à Samarco.
“O Saae vai ter de ser responsável, inclusive, junto com as mineradoras, pelo abastecimento de água da região. Isso tem de existir, porque reconhecer que não tem água e não fazer nada não podemos admitir”, destacou.
O deputado Paulo Foletto (PSB) informou que a Samarco teria se comprometido a disponibilizar 50 caminhões-pipa para os municípios atingidos. “A princípio não terá problemas [no fornecimento de água]. Essa é a informação que eu tenho”, explicou.
Ao final do encontro, a senadora Rose de Freitas convidou o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil para visitar a região do Estado afetada pela lama.
“Convidamos o general para comparecer ao Estado com os dados do monitoramento que será feito. Nosso objetivo é obter informações técnicas e verdadeiras sobre a situação do Estado”, ressaltou.
Por indicação da senadora, o deputado Paulo Foletto (PSB) foi escolhido para representar a bancada nas próximas reuniões com autoridades no Estado, além de acompanhar de perto o andamento das investigações sobre a tragédia que começou a 500 quilômetros do Espírito Santo, em Mariana.
Participaram da reunião, além da senadora Rose e do general Adriano Pereira, o senador Ricardo Ferraço (PMDB) e os deputados Paulo Foletto (PSB), Evair de Melo (PV), Carlos Manato (SD) e Givaldo Vieira (PT). O senador Magno Malta (PR) e o deputado Sérgio Vidigal (PDT) enviaram representantes.