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Defesa divulga nota com laudo que explica conduta de Georgeval em incêndio

Documento mostra 4 formas de agir diante de perigos extremos: a fuga, a inércia, a ação e o desmaio. Para o médico, réu fugiu pois sabia ser incapaz de salvar irmãos

Foto: Reprodução TV Vitória

Uma nota divulgada nesta terça-feira (4) pela defesa de Georgeval Alves, acusado de ter tirado as vidas do filho Joaquim Alves, de 3 anos, e do enteado Kauã Butkovsky, de 6, em 21 de abril de 2018, apresentou trecho de um laudo psiquiátrico que traz nova versão da conduta do réu durante o incêndio que matou as crianças.

O psiquiatra forense ouvido foi Hewdy Lobo Ribeiro, também psicoterapeuta, que atua com Infância e Adolescência. 

No laudo, são apresentadas quatro formas de agir diante de perigos extremos, sendo elas: a fuga, a inércia, a ação e o desmaio. Para o médico, Georgeval optou pela fuga, já que sabia ser incapaz de salvar os filhos e de sair vivo da situação. Confira nota na íntegra:

O documento corrobora com nova versão relatada pelo acusado em março deste ano, quando disse que não chegou a entrar no quarto dos meninos, mas apenas buscou ajuda.

O laudo, junto à outra extensa documentação, foi retirado dos autos processuais pelo entendimento da Justiça de que havia sido incluído fora do prazo, já que faltava pouco tempo para o júri popular, que deveria ter tido início ainda nesta segunda-feira (3), mas acabou sendo adiado para o próximo dia 18 de abril.

A decisão do juiz veio após a suspensão do julgamento, que aconteceu por volta das 10h45 de ontem (3), após a defesa do réu, composta por quatro advogados, Pedro Ramos, Hobert Limoeiro, Gabriel Almeida e Davi Barroso, ter deixado a sessão de Plenário.

A continuidade do júri deverá se dar com advogado dativo, já nomeado, na pessoa de Deo Moraes, ou com novo advogado contratado pelo réu em até cinco dias.

Em razão do abandono, o magistrado Tiago Fávaro Camata estabeleceu a multa de 50 salários mínimos por advogado, com prazo de cinco dias para que seja paga. O valor totaliza R$ 260 mil.

Apesar da multa, os quatro juristas afirmaram que permanecerão no caso. A defesa já constituída e que abandonou o plenário, chegou a afirmar que não permaneceria se não tivesse certeza de que o réu é inocente.

Georgeval é submetido a júri por crime cometido em 2018

O júri popular que teria início nesta segunda-feira (3), no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares, sob a presidência do juiz da 1ª Vara Criminal, Tiago Fávaro Camata, foi ocasionado por suspeitas de que Georgeval Alves, ex-pastor, teria estuprado, torturado e matado o próprio filho e o enteado.

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Georgeval vai a júri popular quase cinco anos após o crime em que é acusado de ter estuprado e matado o próprio filho e o enteado. Tudo teria acontecido no dia 21 de abril de 2018, por volta das 2h, na casa onde moravam o réu e as vítimas, no centro de Linhares.

Contra ele pesam os crimes de duplo homicídio qualificado, estupros de vulneráveis e tortura. O caso causou muita comoção no Espírito Santo, tornando o julgamento do ex-pastor um dos mais esperados dos últimos tempos.

Diante da complexidade do caso, cujos indícios apontam para a presença de requintes de crueldade, é possível que o julgamento se estenda por dias, na avaliação de especialistas.

Mãe de crianças mortas não será julgada

A pergunta que ainda perturba muita gente comovida com os crimes que levaram as vidas de Joaquim Alves, de 3 anos, e Kauã Butkovsky, de 6, em 21 de abril de 2018, é se, de fato, a mãe dos meninos, Juliana Pereira Sales Alves, não teve participação no caso, ou se, pelo menos, não sabia do que estava acontecendo e se omitiu.

Acontece que, em decisão da Justiça capixaba, a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo foi rejeitada no tocante à mãe das crianças. O caso seguiu com a “sentença de pronúncia” do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, o que significa dizer que ele será submetido ao julgamento pelo Tribunal do Júri.

Os crimes teriam acontecido na casa onde moravam o réu, a esposa, o filho e o enteado do denunciado, no centro de Linhares.

Juliana chegou a ser presa duas vezes durante as investigações, sendo que a primeira delas aconteceu cerca de um mês após os possíveis crimes.