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Deficientes físicos terão que esperar dois meses para renovar ou tirar CNH Estado

O cargo de perito não é preenchido por falta de interesse dos médicos. Os profissionais não aceitam os baixos salários e não concordam ainda com a carga horária de trabalho

A demora é causada pela falta de médicos peritos no Detran-ES Foto: Divulgação

Aproximadamente 300 pessoas portadora de deficiência não conseguem tirar ou renovar a CNH no Espírito Santo por falta de peritos no Detran-ES desde 2013. De acordo com o órgão a situação será resolvida até o mês de novembro deste ano.

O aposentado José Braz ficou sem ter firmeza nos pés depois de sofrer um acidente há 20 anos e para dirigir, só em carro adaptado sem embreagem. O veículo já foi adquirido por R$ 15 mil e ainda pagou uma taxa de R$ 500 nas taxas do Detran e há quatro meses ele espera pela carteira de motorista.

“A minha parte está feita, mas eu nem sei mais qual é a cor do meu carro porque não o uso e, de tanto ficar só dentro da garagem ele está coberto de poeira”, disse.

De acordo com o diretor de habilitação do Detran-ES, José Eduardo Oliveira, o cargo de perito não é preenchido por falta de interesse dos médicos por causa dos salários e da carga horária. Oliveira diz ainda que o cargo de perito só pode ser preenchido por um médico com especialização em medicina de tráfego, mas não há interessados.

“Quando eu apresento uma proposta de contratação e que é com um horário fixo, então muitos dos médicos já têm outras atividades em outros hospitais e clínicas e que inviabiliza eles ficarem amarrados a um contrato com um horário determinado. Então nós estamos ajustando o edital e creio que na primeira da primeira semana de setembro ele será publicado com a possibilidade de contratação também para pessoa jurídica”, afirmou José Eduardo.

O problema se arrasta desde 2013 quando o último médico perito do Detran-ES se aposentou. Desde então, o órgão vem adotando ‘soluções’ provisórias, mas os portadores de deficiência saem prejudicados.

O porteiro Gessimar Machado Aguiar, fez aula teórica, passou na prova de legislação de trânsito, mas sem um perito para atestar, não consegue fazer as aulas práticas. Ele não pode usar as pernas e precisa de um carro adaptado às suas necessidades.

“Meu carro está lá parado na garagem. Minha esposa também dirige, mas ela tem problemas na coluna e não consegue dirigir por muito tempo. Então eu preciso do carro para me locomover, até porque se eu voltar a trabalhar eu vou depender muito mais do meu carro”, disse.

O aposentado Sebastião Alves já fez todas as provas e também por falta de perito, espera a CNH desde janeiro deste ano. Sebastião já possui o carro, mas para sair de casa, ele tem que pagar. “Tenho que pagar um motorista para ficar me levando para médico e me carregando para onde eu preciso ir. Eu tenho um carro, mas não posso dirigir”, afirmou.