São Paulo – O déficit fiscal argentino continua avançando, com os gastos crescendo num ritmo mais forte que a receita. De acordo com números oficiais do governo reproduzidos pelo jornal Clarín, as contas públicas nos primeiros cinco meses do ano tiveram um déficit acumulado 323% maior que em igual período de 2014.
Segundo o Clarín, a disparada do déficit fiscal vai além dos gastos maiores por causa das eleições deste ano na Argentina. “Sem considerar as ajudas do Banco Central, desde 2008 existe um déficit fiscal contínuo e crescente”, avalia o jornal. Em 2014, o déficit ficou em 109,719 bilhões de pesos argentinos (US$ 11,91 bilhões, na cotação oficial desta quarta-feira, ou US$ 7,39 bilhões no câmbio paralelo).
Em reportagem sobre o mesmo assunto, o jornal La Nación diz que, sem o grande aporte no mês de maio do BC argentino, o déficit fiscal do setor público ficaria em 8,287 bilhões de pesos argentinos. O BC realizou um aporte em maio de 12,112 bilhões de pesos, compensando esse déficit. De acordo com La Nación, o déficit fiscal de maio foi equivalente a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do período e um dos maiores no país desde o fim dos anos 1980. O jornal lembra que, ao financiar o déficit, o Tesouro gera altos níveis de inflação e menor atividade privada, dizendo também que, com o BC do país “quase no limite de sua capacidade de financiamento”, o Tesouro começou neste ano a “emitir dívida entre os bancos, tirando novos fundos do setor privado”. Analistas ouvidos pelo La Nación também destacam que o déficit fiscal resulta em inflação, além de dificultar um corte da taxa de juros, afetando a atividade econômica.
O déficit previsto para todo o ano foi calculado em 53,048 bilhões de pesos, lembra o Clarín, citando cálculo do Congresso do país. De acordo com o jornal, porém, há cálculos de economistas independentes apontando para o risco de que o déficit fiscal supere os 300 bilhões de pesos argentinos.