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Demanda cresce e bancos de sangue do Espírito Santo estão com estoque limitado

Clio Venturim

Venturim é diretor do Hemoes Foto: TV Vitória

A doação de sangue é a nova causa abraçada pela campanha ES Solidário, promovida pela Rede Vitória em parceria com a Rede Farmes e a RedeShow Supermercado. Tido como um dos gestos mais nobres, ela pode salvar até quatro vidas, tendo em vista que da bolsa são separados as plaquetas, o plasma e o concentrado de hemácias. 

Entretanto, o Hemocentro da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Hemoes) tem apresentado um estoque cuja capacidade está abaixo dos 50%, enquanto a demanda só cresce.

Para explicar melhor a atual situação dos bancos de sangue do Estado, falar sobre a campanha ES Solidário e a importância da doação de sangue e os procedimentos necessários para o ato de solidariedade, o entrevistado especial da semana do Folha Vitória é o diretor-geral do Hemoes, Clio Venturim. Confira abaixo:

Folha Vitória: Qual a importância de campanhas como o ES Solidário?
Clio Venturim: A demanda crescente que nós temos na rede pública de saúde faz necessário que tenhamos o apoio da sociedade organizada e de todos os meios de comunicação. Isso leva à conscientização de que a doação tem de ser constante, independente do momento. É importante que o doador torne isso um ato corriqueiro, seja um doador regular. Campanhas como essa são formas da gente conseguir chegar às pessoas por meio da TV, da internet e mostrar a importância de ser um doador regular, de três em três meses para homens e de quatro em quatro para as mulheres. Parece pouco, mas é muito importante.

FV: Como está a situação atual do banco de sangue?
CV: O banco está constantemente precisando de sangue, pois temos rotatividade grande e demanda grande nos hospitais. Outro fator que pesa é o fato de alguns componentes, como as plaquetas, terem validade curtas. As plaquetas, por exemplo, duram apenas 5 dias e são essenciais para crianças com leucemia. Então estamos sempre com o estoque em baixa.

FV: Quais os tipos sanguíneos que o Hemoes tem mais dificuldades para conseguir?
CV: Temos os tipos mais comuns em alta no estoque, como o A e também o AB positivo. Já os que precisamos mais são os tipos negativos e o O+. Tentamos também racionalizar o uso de sangue por parte dos médicos.

FV: Em quais municípios do Estado o Hemocentro atende?
CV: Além de Vitória, temos hemocentros regionais no interior, em Linhares São Mateus e Colatina. Na grande Vitória, temos uma unidade de coleta na Serra e na região Sul trabalhamos em parceria com o Hospital Evangélico e a santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim. 

FV: Existe uma média contabilizada de doadores?
CV: Temos uma média de procura diária, pois todo dia refazemos nossos cálculos e revemos nossas demandas. Temos, de segunda a sexta, com alguma variação, uma média de 120 pessoas procurando o Hemocentro por dia para doar e em torno de 80 bolsas recolhidas. É uma quantidade abaixo da que precisamos, estimada em 100, 110 bolsas por dia. Sábado é mais confortável, pois recebemos muitos grupos que se organizam, e aí temos a demanda suprida. Durante a semana é que o negócio pega.

FV: Quais os períodos do ano em que o Hemocentro encontra mais dificuldades para conseguir doadores?
CV: As férias escolares são períodos críticos, pois as famílias viajam ou tiram as férias para ficar com os filhos em casa, então temos uma redução do número de doares. No final do ano também há as festas que contribuem para a baixa procura e os feriados prolongados, como Carnaval e Semana Santa.

FV: Como é feita a divulgação das necessidades do Hemoes?
CV: Temos o setor de captação, que faz campanhas in loco em empresas e em escolas, ensinando as crianças desde cedo a importância de ser um doador quando tiverem idade suficiente.Também temos nossa programação de captação via telefone, em que ligamos para o doador e pedimos que ele compareça.

FV: Quais são os pré-requisitos para ser um doador?
CV: A pessoa precisa principalmente estar bem de saúde, procurar Hemocentro com documento com foto oficial, ter mais de 50 quilos, ter entre 16 e 69 anos, sendo que jovens de 16 e 17 precisam de autorização dos pais e os maiores de 60 anos têm que ter feito a primeira doação antes dos 60. O interessado também não pode ter tido alguns tipos de patologia, como hepatite e algumas doenças autoimunes. A triagem clínica ajuda a selecionar os aptos e inaptos.