A tradição da Folia de Reis se mantém firme, em Mimoso do Sul, por conta da dedicação e amor de grupos de homens e mulheres encantados com a possibilidade de lembrar o nascimento de Jesus e levar oração, em forma de música, para dentro da casa das pessoas.
Criados há quase cem anos, os grupos de Folia de Reis de Mimoso do Sul, formados por várias gerações de famílias, seguem firmes no propósito de não deixar morrer a celebração da visita dos três reis magos ao filho de Deus, recém-nascido. Os grupos, em torno de 17, representam o maior número de Folias de Reis do Espírito Santo em um mesmo município.
Nesta noite de quinta-feira (31) eles percorreram a cidade, como vêm fazendo desde o início de dezembro e pretendem continuar nas visitas até o Dia de Santos Reis, em 6 de janeiro.
O técnico em agropecuária Jefferson Spano Bonze, morador do bairro Alto São Sebastião, abriu as portas da sua casa para receber um dos grupos. “É muito gratificante vê-los reunidos, fazendo algo que gostam e com muita devoção. Eu fiz o convite e eles prontamente aceitaram. O nascimento de Jesus cantado em seus versos deve ser mantido. Sinto prazer em apoiar esta cultura centenária em nossa região”, declarou Jefferson.
História
A tradição da Folia de Reis está ligada aos relatos bíblicos, no evangelho de Mateus, de que após o nascimento de Jesus, em Jerusalém, três magos visitaram o recém-nascido por eles chamado de “rei dos judeus”. A ele, entregaram como presentes ouro (que simboliza a realeza), incenso (a divindade) e mirra (paixão de Cristo). Seus nomes seriam Gaspar, Belchior e Baltazar – esses mencionados pela história a partir do século VIII. Essa visita, segundo a tradição cristã, teria acontecido no dia 6 de janeiro.
Os grupos de Folia de Reis quase sempre são formados por devotos dos Santos Reis. Cada folia tem a sua tradição, de acordo com a região, com os ensinamentos passados de geração para geração.
Os personagens da companhia são o embaixador ou mestre (aquele que puxa a cantoria), o contra-mestre, a bandeireira (que carrega o estandarte), o apontador de prendas, os “palhaços” (representam os espias de Herodes e sempre carregam um cabo de madeira, para defender a bandeira), e os foliões divididos por vozes e instrumentos.
A viola e violões são enfeitados com fitas coloridas, cada uma com um simbolismo. A bandeira, de pano comum, coloridas, também é enfeitada com flores e fitas coloridas. Nela está a imagem dos Três Reis Magos, de Nossa Senhora ou outro santo que represente a comunidade.
É costume da população amarrar fitas na bandeira como sinal de devoção ou de cumprimento de promessa.