No dia 11 de julho de 1987, a população mundial chegou a 5 bilhões de pessoas. O marco histórico motivou o Conselho Diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a criar, dois anos depois, o Dia Mundial da População (World Population Day).
O tema deste ano, “Planejamento Familiar: Empoderando Pessoas, Nações em Desenvolvimento” (Family Planning: Empowering People, Developing Nations), destaca a importância do acesso a métodos seguros de contracepção, pois cerca de 225 milhões de mulheres em países em desenvolvimento fazem uso incorreto ou não contínuo de métodos para evitar a gravidez, segundo dados da Federação Internacional de Planejamento Familiar/Região do Hemisfério Ocidental (IPPF/RHO).
A socióloga destaca que o Brasil passa por um momento de “bônus demográfico”, com uma taxa de natalidade baixa, de 1.8, e, ao mesmo tempo, uma parcela grande da população está na idade produtiva. “Esses fatores estão diretamente ligados a um projeto de desenvolvimento do país. É uma estratégia de desenvolvimento”, explica Pitanguy.
Intitulada Barômetro Latino-Americano sobre o Acesso das Mulheres a Métodos Contraceptivos Modernos, a pesquisa avalia fatores como o desenvolvimento de políticas e estratégias; a sensibilização geral sobre saúde e os direitos reprodutivos; bem como a educação integral de saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Entre os itens observados, estão também a educação e o treinamento dos profissionais dos serviços de saúde; a prestação de aconselhamento individual e serviços de qualidade; a existência de planos de reembolso; a prevenção à discriminação e o empoderamento das mulheres por meio do acesso aos contraceptivos. A pesquisa foi feita no fim de 2015 e ouviu 20 especialistas de cada país, dos setores público e privado.
No entanto, a pesquisadora aponta como positivas a qualidade das normas e orientações brasileiras, bem como a oferta gratuita de métodos pelo Serviço Público de Saúde. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, são disponibilizados para a população preservativo masculino e feminino, pílula combinada, anticoncepcional injetável mensal e trimestral, dispositivo intrauterino com cobre (DIU T Cu), diafragma, anticoncepção de emergência e minipílula.
A escolha do método contraceptivo deve ser feita conjuntamente com o médico, considerando as particularidades de cada mulher e respeitando as indicações, alerta a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) . Para quem não pode usar os métodos hormonais, há ainda os de barreira (preservativo, diafragma, DIU de Cobre), os métodos naturais (coito interrompido, tabelinha, métodos de observação da fertilidade) e os definitivos ou cirúrgicos (vasectomia ou laqueadura).
A médica Carla Martins, membro da Febrasgo e diretora da clínica FertilCare pondera que todos os métodos contraceptivos, hormonais e não hormonais, têm efeitos colaterais. “Não há método ideal, 100% inócuo ou eficaz, totalmente acessível e fácil, o que a gente pode fazer é minimizar os riscos.”
Eles apontam que as pílulas afetam a qualidade de vida, as funções cerebrais, podem causar depressão, falta de desejo sexual, câncer de ovário, tromboembolismo, acidente vascular cerebral, trombose e infarto do miocárdio. Outro fato recente reacendeu os debates acerca do uso dos anticoncepcionais, ao ser descartada a viabilidade da “pílula masculina” devido aos severos efeitos colaterais.
A especialista afirma que a pílula não deve ser a primeira opção para as mulheres que querem evitar a gravidez. De acordo com ela, a recomendação mundial é que os métodos de longa duração reversíveis (DIU de Cobre ou implante subdérmico) sejam os principais indicados para qualquer paciente, principalmente para as adolescentes, que apresentam falhas no uso das pílulas diárias e do preservativo.