A Prefeitura de Vila Velha faz homenagem as mulheres negras, especialmente as servidoras da saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus, pelo Dia Nacional da Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorado neste sábado, dia 25 de julho. A data celebra a luta, a resistência e o empoderamento e é a mesma que internacionalmente se festeja o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
“Este 2020 foi um ano de muito aprendizado para todos nós, pois tivemos que nos adequar a uma nova realidade devido à pandemia do novo coronavírus. Diante disto, conseguimos enxergar a garra e companheirismo com a sociedade das mulheres negras, servidoras públicas ou servidoras dos seus lares, que por décadas, mesmo no anonimato, alimenta e cuida carinhosamente de todos que estão à sua volta”, afirmou o coordenador de Políticas de Igualdade Racial do município, Evan Halei Novaes.
A vereadora municipal Patrícia Crizanto avalia que as políticas públicas de Promoção da Igualdade Racial têm avançado no município. “Conseguimos avançar junto com o Executivo o programa Vila Velha Afroempreendedora, para incentivar o empreendedorismo da população negra, como uma alternativa para a geração de trabalho e renda em nosso município. Conseguimos ainda uma reserva para cotas raciais de 20% de vagas neste concurso público vigente em Vila Velha, entre outras ações. Ainda há muito pelo que lutar, mas já conquistamos avanços importantes em favor da população negra de Vila Velha”, explicou Patrícia, que também é presidente da Frente Parlamentar de Promoção da Igualdade Racial, na Câmara de Vila Velha.
A nova presidente do Conselho de Igualdade Racial, Meryciane Silva de Oliveira, enfatizou que este é um momento de amplificar as vozes na busca efetiva de mudanças profundas para todas as mulheres.
“Devemos estar organizadas contra as violações de direitos e pelo fim das desigualdades e das opressões, pela igualdade de gênero e pela emancipação da mulher, defender toda possibilidade de apoio às mulheres de diferentes níveis sociais, etnias, sexualidade. Criando uma rede que ajuda uma a outra e orienta o crescimento e desenvolvimento pessoal, social e cultura, profissional e buscando a melhoria”, disse.
Meryciane completou: “Quem acompanha esse cenário de perto já presenciou machismo, sexismo, misoginia, entende a necessidade realmente de ter uma noção coletiva de Criação de Espaços Seguros para conectar diferentes organizações e iniciativas que visem a equidade de gênero e o empoderamento da mulher negra”, afirma.
Por sua vez, a enfermeira do Centro de Referência em IST/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde, Erika Monteiro Miranda Rosa, destacou que o preconceito é uma realidade. “Ser mulher nesta sociedade machista não é fácil. E ainda ser negra é muito mais difícil, pois sofremos com todos os tipos de violências e preconceitos que ainda existem. E neste dia é para lembrar das mulheres negras que lutaram e foram destaque na história. Queremos mostrar a força da mulher negra e sua valorização e que pode estudar e passar em concurso, como eu passei”, contou a enfermeira.
Tereza de Benguela
O Dia da Mulher Negra homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, que liderou, entre 1750 e 1770, o Quilombo do Quariterê, após a morte de seu companheiro, José Piolho. Situado entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso, o lugar chegou a abrigar mais de 100 pessoas.
Durante seu comando, a Rainha Tereza, como era conhecida, criou uma espécie de parlamento e reforçou a defesa do Quilombo do Quariterê com armas adquiridas a partir de trocas ou levadas como espólio após conflitos.