O sítio ferroviário de Domingos Martins, da década de 1900, localizado no Vale da Estação, reconhecido como Patrimônio Cultural Ferroviário, nos termos da Lei 11.483, de 31 de maio de 2007, recebeu nesta quinta-feira (16) os serviços de dedetização, sanitização e descupinização solicitados pelo DNIT.
O agente administrativo do DNIT Reno Zigomar Rodrigues Manso acompanhou o trabalho realizado pela WFS Controle de Pragas, empresa vencedora da licitação para realização do trabalho.
“Realmente os imóveis estão em estado precário. A Casa de Turma tem o telhado todo comprometido e como estava sendo usada para guardar móveis velhos, garrafas vazias e objetos diversos, solicitei que todo esse material fosse retirado do imóvel”, disse Reno.
Os imóveis, uma estação de trem, uma caixa d’água que abastecia a “Maria Fumaça” e a casa de turma, em péssimo estado de conservação, estão sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que atua em parceria com o IPHAN visando à preservação desses bens.
“Esclarecemos ainda que, desde 2016, o IPHAN tem cobrado da Prefeitura de Domingos Martins, que utiliza o espaço, a realização de serviços para a preservação da edificação. Em maio de 2019, foi realizada uma reunião com a prefeitura e o DNIT para que o município pudesse viabilizar a obra necessária. Atualmente, o IPHAN ainda aguarda o retorno da Prefeitura sobre as providências que serão tomadas em relação ao bem”, informou a assessoria de Comunicação do IPHAN.
Em 2018, a arquiteta da Prefeitura de Domingos Martins, Fernanda Magnago, esteve visitando o sitio histórico e disse que os imóveis são muito importantes para o Estado. “Estive aqui em agosto de 2016, junto com uma arquiteta do IPHAN, e descobrimos que só temos quatro patrimônios de ferrovias com valor igual ao do Vale da Estação. O local tem valor histórico muito importante para o Espírito Santo”, ressaltou Fernanda.
Segundo o IPHAN, “a Estação é um exemplar da arquitetura germânica, possui estrutura do tipo enxaimel onde os requadros e estruturas de madeira são aparentes. A vedação foi executada em tijolos maciços e a cobertura com estrutura em madeira e telhas francesas. O conjunto ferroviário é composto pela edificação da Estação onde funcionavam a administração, bilheteria e sanitários públicos, não sendo possível verificar a área de depósito, uma caixa d’água de ferro elevada sobre estrutura também de ferro e a Casa de Turma”.
A Estação abriga o serviço de Correios mantido pela Prefeitura Municipal e o serviço médico que funcionava no local foi removido para a escola municipal.
Em maio de 2019 a Prefeitura de Domingos Martins informou que iria solicitar ao DNIT a posse desses imóveis que formam um sítio histórico valioso, para poder recuperá-lo e transformá-lo em um museu a céu aberto, reforçando a posição de investimento do município no turismo.
“Já encaminhamos toda documentação a Brasília para fazer uma solicitação de uso desses imóveis e estamos providenciando documentos para o pedido de posse”, informou Henrique Denicoli, técnico da Prefeitura.
O reconhecimento pelo IPHAN de Patrimônio Cultural Ferroviário é um tipo de procedimento que se aplica, exclusivamente, aos bens oriundos do espólio da extinta RFFSA.
A ferrovia hoje está sem demanda
A VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica, informou que o trecho de Vitória ao Rio de Janeiro, passando por Cachoeiro de Itapemirim e Campos dos Goytacazes, faz parte do contrato de concessão e arrendamento firmado em 1996. “A empresa mantém os serviços de manutenção da faixa de domínio. Entretanto, no momento, não há demanda do mercado por operação de transporte ferroviário de cargas”, informou a assessoria de imprensa da VLI.