A interdição da Praia de Camburi, em Vitória, considerada totalmente imprópria para banho, não tem apenas desagradado a população, que agora conta com menos uma opção de lazer na capital. Donos de quiosques localizados na orla de Camburi reclamam que estão amargando grandes prejuízos, por conta da falta da clientela nos estabelecimentos.
Um dos comerciantes da região, Giorgio Giardina, conta que já decidiu que vai devolver o quiosque onde trabalha para a Prefeitura de Vitória, já no fim do próximo mês, por conta dos prejuízos que tem sofrido por conta do baixo movimento de clientes no estabelecimento. Segundo Giorgio, que é italiano, mas já mora há 19 anos no Brasil e há seis em Vitória, a situação piorou ainda mais após a interdição da praia.
“Já faz tempo que a situação está difícil e agora está ainda pior. Todo mês preciso pagar R$ 11 mil à prefeitura, pela concessão do quiosque. Sem contar os R$ 2.760 que pago de IPTU. E o que temos arrecadado com as vendas aqui é insuficiente para cobrir todas essas despesas”, lamentou.
Segundo o comerciante, a queda no movimento do quiosque foi de aproximadamente 74% este ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Um dos funcionários que trabalham com Giorgio no estabelecimento, José Márcio Crispim, confirma a baixa procura pelo local.
“Normalmente 90% dos nossos clientes frequentam o quiosque, nos fins de semana, por causa da praia. Agora que ela foi interditada só aparecem mesmo algumas pessoas que já costumavam vir aqui, mas não ligam para praia. Preferem ficar no calçadão mesmo, ouvindo uma música e consumindo. Isso só nos fins de semana. Durante a semana, o movimento é praticamente zero”, disse.
Balneabilidade
Na última quinta-feira (18), a Prefeitura de Vitória divulgou o resultado do teste semanal que é feito para apurar a qualidade da água das praias do município. Pela segunda semana consecutiva, o resultado mostrou que todos os pontos da Praia de Camburi continuam interditados.
Para que a água seja considerada própria para banho, o nível de coliformes fecais não pode passar de 1.000un/100 ml de água. Em Camburi a quantia foi considerada três vezes maior. Os estudos sobre a água de Camburi são feitos em um laboratório de análise e controle de qualidade da água, localizado em Itapuã, Vila Velha.
O secretário de Meio Ambiente de Vitória, Luiz Emanuel Zouain, ressaltou que o Píer de Yemanjá e o final da praia, na altura de Jardim Camburi, onde estão as manilhas que jogam esgoto no mar, são locais sempre contaminados por coliformes fecais e impróprios para banho. Segundo ele, na parte mais central da praia existiam pontos disponíveis para banho. No entanto, a orientação agora é ficar longe da água.
“Esse mar calmo que nós vemos não é bom, entre aspas, para isso [banho]. Isso porque Camburi é uma bacia e o recorrente vento nordeste e o movimento das marés ajudam a fazer com que a superfície da água se dissipe e essa água saia pela baía e se disperse”, explicou Zouain.
O secretário destacou ainda que, como a água do mar está imprópria para banho, a contaminação pode ter atingido a areia da praia.