Uma metodologia que utiliza índices geotecnologia, além do auxílio de drones e pluviômetros desenvolvida pela Defesa Civil Estadual e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) pretende prever e mitigar estragos causados por chuvas no Espírito Santo.
O método foi desenvolvido após as fortes chuvas que atingiram a região Sul do Espírito Santo, em especial, a cidade de Mimoso do Sul, no fim de março de 2024.
De acordo com Pablo Lira, diretor-presidente do IJSN, antes do desenvolvimento desta metodologia, havia mapeamentos de áreas de risco feitas por órgãos nacionais e regionais.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
A diferença do novo método é a utilização de novas tecnologias que permitem capturar as especificidades das cidades impactadas, o que ajudaria a prevenir ou mitigar estragos.
“Antes desse modelo, dessa metodologia, que foi desenvolvida e maneira conjunta, a gente tinha os mapeamentos das áreas de risco. Mapeamentos nacionais e também estaduais. Agora com essa tecnologia aplicada, com ferramentas de geotecnologia, utilização de drone, modelos matemáticos, a gente conseguiu validar uma metodologia chegando no nível de detalhe, capturando as especificidades do município de Mimoso do Sul e também possibilitando a gente replicar esse modelo para fazer o mapeamento de área de riscos em outros municípios”, disse.
De acordo com Lira, a metodologia pode ser replicada em outros municípios, o que ajudaria no controle de estragos causados por eventos climáticos em outras regiões do Espírito Santo.
“É uma metodologia que pode ser replicada para prever as áreas impactadas a partir de determinados índices pluviométricos e cotas de inundação nos nossos municípios”, afirmou.
Tragédia sem precedentes
De acordo com o tenente-coronel Benício Ferrari, da Defesa Civil Estadual, a chuva que atingiu o município de Mimoso do Sul não tem precedentes na história da cidade.
Segundo ele, em alguns pontos da cidade, foram registradas chuvas superiores a 600 milímetros e que não há registro histórico de uma tragédia parecida na localidade.
“Tem informações de pluviômetros que superaram 600 milímetros até em algumas regiões, então o nível de chuva que caiu foi sem precedente, 600 milímetros é comparável a aquela tragédia de Petrópolis e Teresópolis em 2011, para se ter uma ideia. Em várias regiões e em Mimoso mesmo chovendo muito, então o nível do rio foi muito alto, sem registro histórico na cidade. Regiões que os moradores mais antigos nunca tinham visto e ela chegou dessa vez”, disse.
A metodologia mostrou que na sede da cidade, 3.989 imóveis foram atingidos. Isso corresponde a 51% de todas as edificações do município. Deste número, 75% foram residências, ou 2.996 casas.
Também foram afetadas 12 escolas, 29 unidades de saúde, 29 igrejas e 806 estabelecimentos comerciais, o que corresponde a 76% dos comércios da cidade.
Um dia de cada vez
A técnica em enfermagem Yara Ribeiro dos Santos, que teve a casa afetada pela tragédia, relata que a garagem do prédio em que vive sempre se enche de água, mas dessa vez, a chuva foi muito forte.
A moradora conta que ela e o marido tentaram ajudar vizinhos, mas não conseguiram fazer muito, uma vez que a altura e força da água, além da correnteza, não permitiam muitas ações.
“A nossa garagem do prédio sempre enche de água, então a gente tirou a moto e levou para a casa da minha sogra. Tiramos o carro e começamos a avisar os nossos vizinhos do prédio, tocando interfone, ligando, pedindo para tirar as coisas do estacionamento. A gente ouvia o grito de pessoas pedindo socorro e não tinha como a gente ir para ajudar, o nível da água era muito alto, além da correnteza”
De acordo com ela, no município, o momento é de união entre os moradores, que procuram se ajudar após a tragédia.
“É muito difícil, mas também estamos muito unidos, todos estão se ajudando. É um dia após o outro, literalmente”.
Leia Também: Faixa que leva pedestres para dentro de valão é pintada em avenida de Vila Velha
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record