O fechamento do ano letivo, no terceiro trimestre, pode significar para muitos um momento de estresse, ansiedade e apreensão, agravado pela pandemia, ensino remoto ou híbrido e distanciamento social.
Na Escola Monteiro, há anos, mesmo sendo um período marcante em relação ao final de uma etapa de aprendizado em que a avaliação é necessária – e até mesmo por isso -, há também uma efervescência gerada pela possibilidade de colocar a mão na massa, por meio de um projeto multidisciplinar, integrado, que reúne uma série de conhecimentos aprendidos ao longo do ano, mas também abre portas para a criatividade, a experiência do trabalho em equipe e a inovação.
Trata-se da Feira Integrada, que, este ano, por conta da pandemia, acontecerá no formato virtual, sem perder o brilho e o engajamento da comunidade estudantil.
“Somos uma escola que, essencialmente, trabalha o protagonismo dos alunos, a humanização, o desenvolvimento de habilidades e competências em consonância com o conteúdo curricular. Isso acontece o ano inteiro, mas a Feira Integrada é um momento único, porque marca um fechamento e exige dos alunos ainda mais participação, entrosamento e criatividade”, afirma Penha Tótola, diretora pedagógica da Escola Monteiro.
A lista de projetos já realizados antes da pandemia é enorme e vários deles marcaram a história da escola pela emoção, pela inovação ou pela repercussão que geraram. Um grupo do ensino médio, por exemplo, fez uma viagem de estudos a Machu Picchu e, a partir daí, reproduziu em uma sala de aula – todos os ambientes da escola se tornam cenário para as apresentações numa mobilização que envolve muito trabalho e logística – uma visita ao Peru, com direito a câmbio para trocar a moeda, experiências gastronômicas e apresentações em espanhol, que também se fizeram presentes num projeto que trouxe Frida Kahlo e autorretratos produzidos pelos estudantes como mote.
O livro “Quarto de Despejo”, hoje considerado um clássico escrito por Carolina de Jesus, que vivia em extrema pobreza e escrevia para aliviar a opressão dos dias e registrar sua dura rotina, também já foi tema de um trabalho, com direito à apresentação teatral e reprodução do barraco onde a autora morava.
Levar os visitantes a viver experiências é realmente uma forma utilizada pela escola para interagir com o público seja no formato presencial ou virtualmente. Uma turma, por exemplo, desenvolveu um projeto para proporcionar uma vivência mais marcante com cada um dos cinco sentidos.
Mesmo em sala de aula, simularam espaços para uma caminhada em pedras e na água; vendaram olhos dos visitantes para abrir a possibilidade de experimentar sabores e identificá-los sem ajuda da visão, além de oferecer a experiência do olfato e da audição com a reprodução de cheiros e de barulhos da natureza.
Em outra iniciativa, uma turma de alunos discutiu e, depois, fotografou, profissionais “invisíveis” – aqueles que muitas vezes estão ao nosso lado, desempenhando funções sociais relevantes, mas nem sempre são “vistos” e reconhecidos em sua importância.
“Por meio de uma exposição fotográfica, eles estimularam uma importante reflexão sobre o tema”, afirma Penha, que também cita um trabalho sobre saúde mental que levou o público às lágrimas pela força e importância do assunto, demonstrado por meio da visão de vários autores da área de Psicologia e Psiquiatria.
Esse ano, mesmo no formato on-line, a Feira Integrada acontece no mês de novembro e já começou a mobilizar alunos em torno de diversos temas, num verdadeiro show de criatividade e autonomia. “Eles percebem que são capazes e isso é muito importante no processo de ensino-aprendizagem”, reforça Penha.
E dá-lhe imaginação: alunos de 10 e 11 anos dos 5º anos do ensino fundamental, por exemplo, vão produzir um site para valorizar a cultura, as riquezas e as belezas capixabas, com um guia turístico que ficará à disposição do público.
Já os 4º anos estão trabalhando a questão da diversidade e também farão um link com as raízes e histórias que nos fazem ser o que somos hoje como povo.
Os 7º anos, estudantes na faixa dos 12 anos, poderão, por meio de diferentes linguagens, trabalhar a questão da indústria alimentícia, de forma bem abrangente. Um grupo vai abordar a propaganda e temas relacionados à saúde mental e transtornos como anorexia e bulimia. Também serão contemplados aspectos culturais, que envolvem a alimentação em países de diferentes características, como China, México, Arábia Saudita e o continente africano, correlacionando com os hábitos do Brasil.
Já os alunos dos 9º anos estão engajados na produção de uma radionovela sobre temas referentes às duas guerras mundiais, aproveitando para conhecer também a linguagem, a história e a importância do rádio no passado e em nossos dias.