Todos os dias, o número de mortes e casos confirmados de covid-19 no Brasil é atualizado pelas secretarias de Saúde de cada município e divulgado pela imprensa para que a sociedade tenha dimensão do problema de saúde pública que está sendo enfrentado.
No entanto, há pessoas que esquecem que por traz de cada número há uma família enlutada sofrendo com a ausência de um ente querido. Isso levou o jovem Ewerson Freire a fazer um desabafo nas redes sociais. A publicação ganhou repercussão no último domingo (30).
A mãe do rapaz, Maria de Fátima, contraiu o vírus mesmo tomando todos os cuidados. Ela morreu aos 58 anos no dia 9 de maio, domingo de Dia das Mães. Por uma triste ironia do destino, a morte da mulher ajudou a salvar a vida do marido, que também estava internado.
“Meu pai também testou positivo assim que minha mãe foi internada e, por isso, foi internado no mesmo hospital. Ele precisava de uma vaga de UTI e foi justamente após o falecimento da minha mãe que uma vaga foi liberada, dando oportunidade para que meu pai a ocupasse”, escreveu o Ewerson.
Segundo conta o rapaz, Maria de Fátima não sabia que o marido também estava internado quando faleceu. O pai de Ewerson ficou 11 dias internado, sendo oito deles sem saber que a companheira havia falecido. Como o estado de saúde dele era grave, a família decidiu não contar a ele até que o quadro se estabilizasse.
“Meu pai não pôde se despedir de sua esposa, não pode dar o último adeus. Minha mãe morreu no dia 9. Eles completariam 33 anos de casados no dia 20 de maio. Uma semana após a morte dela, vacinas para a faixa etária dela foram liberadas. Mas era tarde demais”.
Protestos
O desabafo do jovem ocorreu um dia após protestos contra a gestão do Governo Federal contra a pandemia. Ewerson participou do ato que aconteceu em Vitória e fez uma homenagem para a mãe.
“Minha mãe morreu! E é um sentimento de revolta, junto com um sentimento de impotência, acoplado com uma tristeza profunda ao imaginar que se as vacinas tivessem sido prioridade no nosso país, quantas outras famílias não estariam chorando nesse momento a morte dos seus”, desabafou no Twitter.
“Ir às ruas é um ato de resistência, para que ela e tantos outros não se transformem apenas em números noticiados nos jornais. Ela era mais que uma estatística, ela era a minha mãe! E eu serei resistência por ela e muitos outros” concluiu.