Em Nova Rosa da Penha, Cariacica, considerado um dos bairros capixabas com os maiores índices de homicídios nos últimos anos, o contato com a arte circense tem mudado a realidade de jovens que moram na região. Além de oferecer inclusão social, retorno às salas de aula e uma perspectiva de vida longe da criminalidade, o circo é também opção de carreira profissional.
Com área aproximada de 3.000.076 m² e população total de 15.397 habitantes, o bairro é povoado por, aproximadamente, 30% de pessoas com idades entre 10 e 24 anos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 10% do total de jovens do bairro estão fora da escola. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Jovens dos Santos Neves (IJSN), a maior parte de residências do bairro possui renda mensal de 1/2 a 1 salário mínimo.
Foi através de uma brincadeira que Wemerson Filipe Neves, de 16 anos, fugiu da realidade vulnerável do bairro, apontada pelos números, e fez do contorcionismo sua profissão. A primeira professora do menino, Francimara da Silva, conta que, além de dar a Wemerson um trabalho, as técnicas do circo mudaram a vida do rapaz.
“Quando chegou aqui no projeto ele era bem tímido, tinha apenas 13 anos. Ele chegou bem duro, agora o alongamento dele é profissional. Ele trabalha na arte circense, faz apresentações em várias companhias. O projeto fez muita diferença na vida dele. Foram reflexos na escola, no comportamento… Ele desenvolveu e ficou um garoto mais esperto”, comenta Francimara.
O projeto Criart tem parceria com o programa Ocupação Social, que é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) e atua em 26 bairros de noves cidades do Espírito Santo de maior vulnerabilidade social e, consequentemente, que concentram o maior número de homicídios.
Durante a infância, Neves dava muito trabalho aos pais. Por diversas vezes, a mãe dele foi chamada ao colégio para tomar ciência de atitudes indisciplinadas. Foi então que a diretora da escola orientou que ele participasse do projeto social Criart.
No Criart, crianças e adolescentes, que moram no bairro, aprendem as técnicas do circo. A cada apresentação, é uma emoção diferente. O ambiente é completamente lúdico e é o preferido de Wemerson. Para o garoto que se vira do melhor jeito possível, a vida hoje está muito melhor.
“A parte boa do contorcionismo é a diversão. Você brinca, apresenta, conhece novas pessoas, viaja pelo Brasil… É o que eu quero fazer para o resto da vida. O cidadão que eu sou hoje, eu sou grato pelo projeto”, diz Wemerson.
Atualmente são 94 alunos matriculados no projeto. São crianças que chegam sem saber nada e saem transformados. E a mudança acontece na vida de filhos e pais. Para quem tem um filho matriculado no projeto, as experiência compartilhadas já mostram resultados positivos.
“Antes a minha filha queria ficar só no computador e no celular. Hoje ela chega em casa e só fica pulando. É uma forma de estar desenvolvendo nossos filhos brincando, né? Com alegria”, comenta Lucimar Silva. “Nosso bairro é muito carente e precisa muito de projetos como esse. O Criart veio para melhorar sim a vida das nossas crianças”, complementa.
Veja o vídeo: