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Em falta no ES, respiradores mecânicos são recuperados por voluntários na Ufes

Somente neste mês, foram consertados na universidade 12 equipamentos, que são fundamentais para os pacientes que apresentam quadro grave da covid-19

Foto: TV Vitória

Em tempos de dificuldade na compra de novos respiradores mecânicos para pacientes graves com a covid-19, o conserto de equipamentos que estavam parados por problemas técnicos é uma importante saída para tentar minimizar o problema. 

Somente neste mês, voluntários que trabalham diariamente em laboratórios do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus de Goiabeiras, em Vitória, já conseguiram recuperar 12 ventiladores mecânicos, equipamentos que ajudam na respiração dos pacientes que apresentam problemas respiratórios, em virtude da doença.

Ao todo, o Centro Tecnológico da Ufes já recebeu da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) 47 respiradores com problemas técnicos, entre outros equipamentos hospitalares, que pertencem aos hospitais Dório Silva, na Serra, Evangélico de Vila Velha e a um particular do município.

Também foram encaminhados para conserto 40 monitores de sinais vitais — sendo que 17 já foram recuperados nas últimas semanas — e quatro carrinhos de anestesia. Alguns aparelhos estavam parados há anos.

“Das 91 encomendas recebidas, somente cinco foram detectadas como não reparáveis, ou seja, que não têm solução. Então a gente está bastante otimista. Já devolvemos cerca de 30 equipamentos para os hospitais, desses 91 que a gente recebeu, e temos em torno de 20 em calibração”, destacou o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Ufes, Anselmo Frizera.

“O fluxo é o seguinte: ele chega e passa por uma higienização. Depois que é higienizado, ele passa por uma triagem, onde a gente vai saber o que tem que fazer e o que vai priorizar”, completou.

Além de viabilizar mais rapidamente a disponibilização desses equipamentos para o tratamento dos infectados pelo novo coronavírus, o serviço voluntário de manutenção oferecido pela Ufes ajuda a reduzir significativamente os gastos do Estado com a saúde.

“Esses equipamentos podem custar em torno de 100, 150 mil reais, e isso geraria um gasto gigante para o sistema de saúde. Agora o conserto está sendo gratuito, à base dos voluntários, tanto da Ufes como do Ifes, e também os voluntários das empresas que colaboram com essa parte de manutenção dos ventiladores e dos monitores”, destacou Frizera.

Entretanto, de acordo com o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, o preço dos equipamentos não é o único problema. Segundo ele, devido à alta demanda, ficou mais difícil comprar equipamentos hospitalares, como os ventiladores mecânicos. Por isso, o esforço para recuperar aqueles fora de uso.

“Todas as nossas compras até agora, mesmo as compras que nós pagamos, não foram entregues. É uma situação do mundo, do país. Nós estamos com muitas dificuldades. Não faltou, por parte do Estado, investimento financeiro. Não faltou, por parte do Estado, utilizar compras emergenciais, comprar rapidamente dos fornecedores no Brasil, em outros estados, em outros lugares da América e do mundo. Não faltou, da nossa parte, esforço de comprar ventilador de quem quisesse vender ventilador. O problema é que, mesmo compras materializadas, já efetuadas, não estão sendo entregues nos prazos que foram acordados”, ressaltou o secretário.

Nésio Fernandes afirma ainda que os equipamentos que estavam sem uso em hospitais públicos foram substituídos por outros mais novos. Ele destaca também que o serviço de manutenção foi intensificado. “Todos os hospitais da rede pública possuem contratos de manutenção dos seus equipamentos com prestadores de serviços privados”, frisou.

Ifes

Voluntários do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) também têm contribuído para a manutenção dos equipamentos hospitalares. No total, 33 camas elétricas e manuais do hospital Dório Silva, na Serra, que estavam quebradas foram enviadas ao campus de Jucutuquara, em Vitória, no início do mês. 

Até a semana passada, 24 já haviam sido recuperadas por professores de eletrotécnica e de mecânica. Outras cinco camas acabaram de sair do conserto e serão devolvidas nesta quarta-feira (29).

“Algumas estavam bem ruins, outras com estado um pouco melhor, e cada uma apresentava um determinado problema. A gente teve que trabalhar e descobrir como funcionavam primeiro as camas, para depois apresentar algumas soluções”, explicou o professor de eletrotécnica Mauro Silva Piazzarollo.

Segundo o professor, algumas camas deram menos trabalho para equipe e outras exigiram um pouco mais, como é o caso das camas mais modernas. Ele conta que uma novinha em folha custaria cerca de R$ 30 mil, gasto esse que foi evitado com o conserto.

“É uma satisfação muito grande de estar conseguindo devolver essas camas. Quando a gente começou esse trabalho, a gente estava numa expectativa de que se a gente conseguisse devolver 20%, 30% das camas, já ia ser uma vitória para a gente. E conseguimos devolver mais de 90% das camas. Foi um trabalho bem gratificante”, destacou.

Até quando essa nova parceria com professores, estudantes e profissionais da iniciativa privada vai durar não se sabe. Segundo o professor, se depender da equipe, ela permanecerá por um longo período. “O pessoal aqui está com muita intenção de dar continuidade aos trabalhos, se for realmente necessário. A gente está aí para poder ajudar”, frisou.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV