Que a pandemia do novo coronavírus impôs mudanças à rotina de toda população, todo mundo já sabe! E para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à covid-19, esse impacto é ainda maior. Porém, em meio às dificuldades enfrentadas nos últimos meses, o amor se sobressai. Amor esse que é pelo próximo e demonstrado de diferentes formas…
Formada desde 2017, a capixaba Maryna Possatto encontrou na enfermagem, a paixão. “Hoje eu falo que sou o que sempre quis ser. Sou apaixonada pelo o que faço. Me encontrei”.
Nina, como é conhecida pelos pacientes e equipe de enfermagem, acredita que em momentos de dificuldades, é necessário ser paciente, e, além disso, mais humano. “Ser enfermeiro é em uma situação de dor e sofrimento, ter o cuidado e dizer: ‘Esse paciente precisa disso, não apenas de um remédio, uma troca de uma fralda ou de um banho’. Muitas vezes ele precisa de um olhar, uma palavra, um cuidado e carinho. É nesse momento que você começa a enxergar a doença de uma forma diferente.”
Com a pandemia, a necessidade de adaptação tornou-se algo real. “Sempre gostei muito de analisar uma situação e tirar proveito, mesmo nos piores casos. Na faculdade a gente sempre estudou sobre pandemia, questões de problema na área da saúde com pouco retorno financeiro e pouca estrutura para poder oferecer um serviço de saúde adequado. Então, chegou a pandemia e começamos a nos readaptarmos. Não só na forma de atendimento, mas na de viver. E com isso, a enfermagem começou a ser enxergada de uma forma diferente”.
Amor ao próximo
Maryna acredita que em tempos de pandemia, a enfermagem tem se destacado. “Atualmente continuo com os meus trabalhos, mas com uma estratégia totalmente diferente. As pessoas começaram a enxergar a enfermagem de uma forma diferente. Estávamos acostumados com paciente terem acompanhantes e visitas, porém, com a pandemia, foram restringidas as visitas e a equipe de enfermagem precisou agir diferente. Aquele paciente que ficava com alguém e recebia as visitas contínuas, hoje, já não tem mais isso, ele tem somente os profissionais que cuidam dele. Então, a profissão não poderia se manter da mesma forma, tinha que fazer algo diferente. Nos aproximamos dos pacientes e pensamos em estratégias para melhorar isso. Fazemos chamadas de vídeo e conversamos mais com as famílias. Isso tem sido ótimo”.
Um gesto de amor. É o que todos precisam nesse momento tão delicado.
“Às vezes o paciente só precisa de um olhar, um bom dia, boa tarde. Ele precisa ouvir um: ‘Está tudo bem, vim aqui te ver’. Uso uma frase que diz o seguinte: ‘Por dentro eu sou amor e por fora, eu sou do avesso’. Amar não é só um relacionamento entre duas pessoas ou família”.
Novas estratégias
Estando na linha de frente no combate ao novo coronavírus, Maryna acredita que é necessário inovar para fazer o bem. “Mudei as estratégias com a minha equipe. É um momento muito pesado para todos, em que regras precisam ser seguidas. Estamos nos expondo e a nossa família ao risco por estar na linha de frente, mas fazemos com a certeza de que estamos ajudando o próximo”.
Além dos cuidados com o pacientes, é necessário cuidar de si também para manter a força e dar continuidade a um trabalho árduo. As estratégias foram pensadas para compensar e mostrar para a equipe que todos importam. “Às vezes, poucas palavras já amenizam os impactos do dia a dia. Quando chego no plantão, rezo e digo para quem está junto comigo: ‘Deus abençoe a gente. Que seja um plantão tranquilo’. Me aproximei muito mais de Deus nesse momento de pandemia”.
Às vezes, em meio às dificuldades, o ser humano passa a ser visto como mais um em meio a tantos outros, mas é importante que saibamos que por trás do profissional, há uma família. “Na equipe tem uma mãe, a menina que tem o sonho de casar, tem a senhora casada, alguém que perdeu um grande amor e mulheres que poderiam ser minha mãe. É importante que sejam vistos como pessoas. Todos nós temos algo em comum: prestar o melhor atendimento, promover saúde e cuidar do próximo”.
Gratidão
Gratidão é o ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio, um favor, um amor, um bem…
“Precisamos deixar que nos agradeçam e sermos agradecidos. Às vezes você faz algo e é muito grato por fazer, mas muitos se limitam e não deixam que as pessoas agradeçam. É extremamente gratificante quando chego em um quarto e o paciente reconhece a minha voz ou o olhar e diz: ‘Maryna que bom que você chegou’. Esse retorno faz qualquer cansaço e dores pelo uso dos equipamentos de segurança passar”.
O ser humano não é uma máquina e nem sempre é fácil separar o emocional do profissional. “É muito difícil separar. Sou muito chorona, e se um paciente conversa comigo, choro junto com ele, mas isso é bom e até brinco dizendo: ‘Eu precisava chorar hoje’”.
Frases podem mudar o nosso dia, acredite! “Meu pai me falou uma coisa que nunca esqueci: ‘Independente de como a pessoa estiver, se acordar, levantar e dizer: Hoje vai ser o meu melhor dia, independente da situação, significa que será o melhor dia”.
“Comecei a usar essa frase com os meus pacientes: ‘Independente do que esteja acontecendo, da sua doença, hoje é o seu melhor dia. Hoje você tem que ter essa vontade de viver. Você se colocar no lugar do outro e deixar que o outro te olhe é importante. A empatia e amor é uma escolha. Eu escolhi amar, escolhi ser empática…. A pessoa escolhe essa ação, e a partir disso, outras coisas vem, aliás, coisas muito boas.”
E você? O que tem feito para praticar o bem? Seja para os outros o que quer que sejam para você!