A noite de domingo e a manhã da última segunda-feira (14) não foram fáceis para muitos pais em Piúma. Isso porque o número reduzido de vagas oferecidas nas creches e escolas do balneário os levou a formar filas de espera para garantir o acesso dos filhos à educação municipal no próximo ano.
O anúncio nas instituições informava que o atendimento aos pais seria realizado a partir das 07 horas, da última segunda (14). De acordo com o secretário de Educação de Piúma, Geovane Bidim, o município estuda um meio de oferecer mais vagas, mas, no momento, o número oferecido conta com reduções. As creches e escolas afixaram cartazes em suas portas com o número de vagas disponíveis. Na maioria das escolas, estão disponíveis somente de duas a dez vagas.
A dona de casa, Angélica da Silva Francisco conta que chegou ao meio dia do domingo (13) na porta da Creche Vovó Genoveva, no bairro Itaputanga, e lá já encontrou com outros pais, alguns comendo em marmitas, deitados na calçada. “São apenas quatro vagas e eu preciso muito de uma, pois preciso trabalhar. Vou virar a noite e fico até a hora que for preciso”, disse.
O conselheiro da Criança e do Adolescente de Piúma, Roberto das Neves de Souza, também pleiteiava uma vaga na Creche Vovó Genoveva e contou que foi para a fila às 20h do domingo. “Nós já solicitamos a construção de um Centro de Educação Infantil, mas até agora nada foi feito. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, por lei, é direito que as crianças tenham vagas nas creches e nas escolas do Ensino Fundamental, mas aqui em Piúma os casos vão parar na Justiça para se conseguir. Eu aguardo uma vaga desde o ano passado”, relatou.
Alguns pais não tiveram outra opção senão levar seus filhos para as filas. Tinham até bebês de colo, que, juntamente aos pais, passaram a noite no sereno. Outras crianças dormiram em porta malas de carros ou em colchonetes pelas calçadas. Para driblar as longas horas de espera, teve quem passasse a madrugada fria jogando dominó ou dama.
Na Escola Célia Maria, a situação foi um pouco melhor para os pais, pois a escola abriu os portões. Porém, foram impedidos de usar qualquer dependência da escola, inclusive banheiros.
No centro do balneário, a Creche Menino Jesus, contou com várias mães esperando amanhecer sentadas na calçada, mas uma delas, a dona de casa Wandra Bourguinon, chegou às 6h da manhã do domingo (13). “Eu preciso de uma vaga para meu filho de dois anos. É humilhante, mas eu vou ficar aqui”, comentou. O sentimento de outra dona de casa, Briana Monteiro, também foi de indignação: “Eu vou dormir na cadeira, vou fazer urina na rua atrás dos caminhões. Estou me sentindo humilhada, péssima”.
Já no bairro Céu Azul, uma mãe que estava com a filha no colo levou um cortinado, um colchão, uma sombrinha para tentar proteger o bebê do sereno e do ataque de mosquitos. “Eu preciso de uma vaga para minha filha de dois anos e sete meses. Eu cheguei aqui às 18h30 de domingo. Como moradora do bairro, me sinto indignada com essa situação, é muito desagradável”, disse Rosilaine Teixeira Braga.
No Jardim de Infância, que fica próximo ao Ifes do balneário, dezenas de pais e avós também aguardavam em filas, mas foram beneficiados por uma mãe, que também pleiteia uma vaga, e que cedeu o banheiro de sua casa e uma televisão para entretenimento.
A Secretaria Municipal de Educação de Piúma informa que disponibilizou o quadro de vagas nas escolas justamente para evitar que pais ficassem nas filas fora do horário e que somente a partir da finalização deste processo, terá uma avaliação mais precisa da demanda de vagas no município.
Os pais que por ventura não conseguirem vagas, segundo a Prefeitura, serão colocados em uma lista de espera, para que após a finalização do processo e com o surgimento de vagas ou desistências.
“O município tem atendido a lei federal que exige o atendimento de 50% das vagas por faixa etária. Além disso, em 2015 já realizamos a ampliação do número de vagas nas creches municipais”, ressalta o secretário Geovane Bidim.