A captação da água do Rio Doce em Colatina, no noroeste do Estado, será retomada em breve, assim que a lama com os rejeitos de mineração da Samarco passarem pelo município. A afirmação é do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que esteve na cidade, na tarde desta sexta-feira (20) para acompanhar as ações de apoio à população.
Gilberto Occhi informou ainda que a Samarco manterá suas ações de apoio no município, independentemente da retomada da captação da água. Durante a visita a Colatina, o ministro sobrevoou a foz do Rio Doce e falou sobre a parceria do Exército e da Defesa Civil nos trabalhos emergenciais no Espírito Santo.
O ministro da Integração Nacional garantiu ainda que o Governo Federal está acompanhando todas as ações para garantir o abastecimento de água para as pessoas atingidas e que, após solucionar esse problema, os trabalhos serão focados na recuperação do Rio Doce.
Occhi já havia estado no Espírito Santo, na última segunda-feira (16), onde se reuniu com o governador Paulo Hartung, na Residência Oficial, em Vila Velha, e com o prefeito de Colatina, Leonardo Deptuski, para tratar das ações dos governos Federal e Estadual, além da administração municipal, de minimização dos impactos da lama na região.
Governador Valadares
Antes de chegar a Colatina, nesta sexta-feira, Gilberto Occhi esteve em Governador Valadares, uma das cidades mineiras banhadas pelo Rio Doce e que teve sérios problemas de abastecimento de água por conta dos resíduos de minério. O ministro afirmou que a água captada no Rio Doce, em Valadares, está em condição de normalidade e pode ser consumida pela população da região, após o tradicional tratamento feito pelas companhias locais de saneamento.
“A qualidade da água do rio Doce, tratada em seus diversos trechos, é normal e passível de ser tomada, de ser usada por toda a população. Não há risco de contaminação do rio, não há metais pesados no rio. Queremos garantir à população que a água tem sua qualidade normal e está sendo abastecida de maneira normal”, assegurou.
O ministro garante ainda que a situação será normalizada em Colatina, assim como na cidade mineira. “Os laudos ainda não ficaram prontos, mas análises de amostras já foram enviadas para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa/MG). E hoje outra amostra será enviada para a empresa. Não posso afirmar, no entanto, que a captação será retomada neste fim de semana”, afirmou o ministro.
De acordo com Gilberto Occhi, a captação da água do Rio Doce em Governador Valadares corresponde a 80% do total da cidade. O abastecimento local foi retomado após laudo da Copasa registrar que não há contaminação química que impeça a utilização dessa água para o consumo humano.
Além disso, amostras coletadas pelos pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da Agência Nacional de Águas (ANA) no último sábado (14) apontam que não houve aumento na presença de metais pesados na água e nos sedimentos do rio. “A tendência é que a lama vá diluindo e assente em determinado ponto. Mas, mesmo voltando a captar, vamos monitorar a qualidade da água permanentemente”, garantiu o ministro.
O ministro da Integração integrou uma comitiva formada pelo secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira; pelo presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo; e por representante da Samarco. Tanto em Colatina quanto em Governador Valadares, a comitiva se reuniu com as equipes envolvidas nas ações de minimização dos efeitos provocados pela lama.
Inicialmente prevista no cronograma, a viagem de Gilberto Occhi a Mariana-MG, município onde aconteceu o rompimento das barragens da Samarco, foi cancelada em razão do mau tempo.
Testes
Com a chegada da lama de minério a Colatina, no município foi . Desde então, o abastecimento tem sido feito a partir do auxílio de caminhões-pipa, escavações de poços, distribuição de água mineral e potável, entre outras alternativas. Apesar do esforço em evitar que a população fique desassistida, muitos moradores de Colatina continuam sem água.
Em Colatina, onde a captação da água do Rio Doce foi interrompida desde a madrugada da última quarta-feira (18), por conta da chegada da lama, há uma expectativa de melhora no abastecimento, a partir da utilização de um produto para tratar a água barrenta do Rio Doce. De acordo com a Prefeitura de Colatina, técnicos do Sanear começaram, na quinta-feira, a realizar testes com o produto, extraído da casca da acácia negra, para saber se a água poderá ser disponibilizada para consumo.
Ainda segundo a prefeitura os testes, realizados na estação de tratamento localizada dentro do campus do Ifes de Itapina, se estenderam até as 2 horas desta sexta-feira. Em seguida, o material foi encaminhado para um laboratório especializado, em Vitória, que emitirá um laudo sobre a possibilidade de utilizar a água para fazer o abastecimento. Segundo a prefeitura, ainda não há previsão de quando sairá o resultado.
Apoio
O prefeito Neto Barros, de Baixo Guandu, no noroeste do Estado e que também enfrentou problemas de captação da água do Rio Doce por conta da passagem da lama com rejeitos de minério, anunciou que o município ajudará Colatina na distribuição de água para a população. Em postagem no Facebook, nesta sexta-feira, o prefeito ressaltou que o apoio será possível graças “à relativa normalidade da distribuição de água em Baixo Guandu”.
“Disponibilizaremos alguns carros-pipas, 50 mil litros de água mineral/dia e 100 mil litros/dia de água tratada pelo nosso SAAE para abastecer os hospitais. Pedimos aos capixabas e mineiros que orientem todas as campanhas de solidariedade para Colatina e Governador Valadares, que precisam de toda a nossa ajuda”, escreveu Neto Barros na rede social.