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“Emanuel veio salvar a minha vida”: a história de uma mãe que passou pelo luto através da fé

Amanda Guedes, mãe de Alice, de 3 anos, assassinada em Vila Velha, conta como superou o luto com a chegada de outro filho. O menino recebeu o nome de Emanuel, que significa "Deus conosco", a principal mensagem do Natal

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal

No Natal, data cristã em que é celebrado o nascimento de Jesus, o nome Emanuel fica ainda mais em evidência. Isso porque esse é o nome anunciado em uma profecia bíblica que fala da chegada de Cristo. 

Emanuel significa “Deus conosco”, representa para os cristãos a vinda do Filho de Deus para a Terra, com o intuito de pregar amor, paz, esperança e salvação.

Cristã, a jovem Amanda Guedes, de 26 anos, tem uma experiência de fé muito forte relacionada ao nome Emanuel.

Este é o nome escolhido para o segundo filho dela, que chegou após uma tragédia que abalou não apenas a sua vida, mas de toda a família, de amigos e chocou o Espírito Santo. “Meu Emanuel veio para salvar a minha vida”, resume.

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal
Alice morreu quando tinha 3 anos, em Vila Velha

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A primeira filha de Amanda era a pequena Alice da Silva Almeida, de 3 anos. Ela foi morta a tiros no dia 9 de fevereiro de 2020 enquanto brincava no quintal de casa, no bairro Dom João Batista, em Vila Velha. Os tiros vieram de criminosos que disputam o controle do tráfico de drogas na região.

A tragédia marcada pela violência levou Amanda para o fundo do poço. A tristeza profunda chegou a fazer a jovem pensar em tirar a própria vida.

“Eu realmente estava sem expectativa de vida. Perdi todas as minhas esperanças, a minha fé. Naquele período, é até constrangedor falar, mas é como se eu estivesse morta viva. Eu já não queria mais viver. Tinha realmente entregado a minha vida de bandeja. Eu só queria morrer. Não tinha mais esperança, não fazia mais sentido acordar, dormir, levantar, comer, nada fazia sentido”, relembrou.

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal
Amanda com o marido, Giovany, e o peque Emanuel

“ERA DEUS DIZENDO: ‘ESTOU TE DANDO UMA NOVA VONTADE DE VIVER’”

A segunda gravidez foi descoberta um mês depois do assassinato de Alice. Na verdade, quando a menina foi morta, Amanda já está esperando o segundo filho, mas sem saber.

“Quando eu descobri essa gravidez, um mês depois do crime, me arrepiei dos pés à cabeça. Não foi planejado, foi realmente uma surpresa. Senti a presença de Deus fora do normal, senti realmente Deus do meu lado. É como se Deus estivesse me dizendo: ‘estou te dando uma nova esperança, uma nova vontade de viver, estou te dando vida. Eu quero que você viva!’”, contou Amanda.

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal

Com a descoberta, a jovem chorou muito e ajoelhou, ainda no banheiro em que fez o teste de gravidez, e agradeceu a Deus pela gestação. Mas confessa: foi um misto de emoções.

“Ao mesmo tempo que queria esse filho, eu não queria. Queria a minha filha. Eu achava que não ia aguentar. Pensava: ‘Esse filho não vai dar certo porque vai chegar uma hora que eu vou explodir’. Graças a Deus não foi essa a verdade. Assim como Deus salvou o mundo enviando Jesus para salvar as nossas vidas, o meu Emanuel veio por Deus literalmente para salvar a minha vida”.

MUITOS SINAIS DE FÉ NA ESCOLHA DO NOME

Vivendo o turbilhão de emoções da gravidez durante um luto tão doloroso e recente, Amanda precisava passar pela etapa que todas as mães experimentam: escolher o nome da criança que estava esperando. E ela confessa que já tinha uma definição: Benjamim.

“Tem pessoas que não acreditam, mas quem é cristão sabe do que eu vou falar. Quando eu descobri que era um menino, queria o nome Benjamim. Mas, engraçado, Deus não queria esse nome. E eu tive muitas confirmações de Deus que o nome do bebê deveria ser Emanuel. Primeiro foi uma amiga, que falou que sentiu de Deus dizer que era Emanuel, porque era ‘Deus comigo’”.

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal
Emanuel nasceu em novembro de 2020

Amanda conta que “bateu o pé” e insistiu que queria Benjamim. Novamente, recebeu outro “sinal” de que o bebê deveria se chamar Emanuel.

No trabalho do sogro e do esposo dela, Giovany Bruno Almeida, a chefe deles deu várias lembrancinhas de chá de bebê, todas com o nome Emanuel e com data de novembro, que era o mês que o Emanuel ia nascer.

“Depois, minha tia escolheu fazer um cartão de vacina bordado e mandou um exemplo para eu escolher. O nome que estava lá era Emanuel. Lembro que uma outra amiga me presenteou com as bolsas de maternidade e me mandou modelos para eu definir o que queria. As que eu escolhi, sem saber, todas tinham o nome Emanuel. Então eu falei: ‘não adianta, tem que ser esse nome’. Era para ser Emanuel, Deus dizendo que está comigo”, relembrou.

“ELE NÃO TEM NOÇÃO DA GRANDIOSIDADE QUE É NA MINHA VIDA”

A chegada do pequeno Emanuel reascendeu a esperança de viver em toda a família, principalmente em Amanda.

Abalada com a tragédia e em busca de novas perspectivas, ela, o marido e o filho se mudaram para Portugal. Hoje, Emanuel já tem 3 anos. Mas eles já têm planos de retornar ao Brasil em definitivo.

“Quando eu olho para o Emanuel, meus olhos enchem de lágrimas porque ele não tem noção da grandiosidade que é na minha vida. É como se fosse um anjo que Deus tivesse mandado para salvar a minha vida. Mesmo chorando, eu levantava para cuidar dele e, de certa forma, era ele que cuidava de mim. Sinto o amor de Deus sempre comigo”, complementou.

Toda a experiência trágica vivida por Amanda dia após dia tem se transformado em força para ajudar outras mães e famílias que passaram por situações dolorosas. 

Através de suas redes sociais e também no trabalho, na igreja e na comunidade, a jovem diz já estar forte para testemunhar o que viveu e como, pela fé, tem se reerguido.

Foto: Divulgação/Acervo Pessoal

“Hoje eu posso dizer que fui liberta do luto, graças a Deus. Não vivo mais um terror na minha vida. Já tem quase quatro anos que Alice faleceu. Dói falar, dói reviver tudo o que passou. Sinto uma saudade absurda, mas hoje eu já consigo falar melhor, consigo ver as fotos e os vídeos dela”, concluiu.

UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA: “VOCÊ VAI AGUENTAR”

Pensando no Natal e na mensagem que os cristãos entoam a respeito do nascimento de Jesus como salvador, Amanda deixou uma palavra de consolo e de fé para as pessoas que passaram ou estão vivenciando dores profundas como a que ela já viveu.

E ela resume: “Natal é a celebração de que Deus, através de Jesus, está com a gente. Podemos crer nisso. Deus, do jeito dele, se faz presente nas nossas vidas”

“Aprendi a ser grata na minha vida depois de tudo o que passei. Eu já não falava essa palavra na minha vida: gratidão, obrigada. Assim que Emanuel veio, aprendi a ser grata em tudo, foi transformador”.

“Para as mães que perderam seus filhos, eu falo: ‘Essa dor não vai passar, mas ela vai diminuir e você vai aprender a viver com ela’. É uma dor imensurável e a gente sente que nunca vai passar, mas você vai aguentar. Eu aguentei. A gente aguenta porque Deus está com a gente, ele é Emanuel, está conosco”, conclui.