Aos poucos, a cidade de Iconha, a primeira e mais castigada pelas chuvas das últimas semanas, vai voltando ao normal. O município guarda histórias de luta pela sobrevivência, como do autônomo Vanderley de Araújo.
“Quando a água começou a chegar por aqui, eu falei: “Pessoal, vocês sobem pra cá” (nas escadas), e aí nós conseguimos sair. Senão, a água levava a gente”, contou.
São pessoas que viram as próprias casas, e dos familiares, alagadas como nunca havia acontecido.
“Na casa da minha mãe, que é em cima, entrou 10 centímetros de água. Na minha, que é embaixo, entrou em tudo”, lamentou a dona de casa Márcia Regina Ferreira.
Pequenos empresários também sofreram. Além de perder bens materiais, ficaram sem fonte de renda. É o caso de uma clínica de estética alagada no segundo andar do prédio.
“Tá todo mundo muito cansado, a cabeça não para pra pensar, mas a gente vai limpando. Aí limpa, e quando a gente vê já tá sujo… mas a gente não desistiu”, disse Rosa Cardoso, proprietária da clínica.
Em uma oficina mecânica, onde donos e funcionários levaram uma semana para tirar a lama.
“Tá sendo bem puxado. Hoje é que a gente conseguiu ver o chão branco, porque não tem condições de tanta lama”, desabafou Simone Lovatti, dona da oficina.
Depois de limpos os imóveis, as famílias que retornam às residências, ou os funcionários das empresas que retomam as atividades, podem estar enfrentando riscos sem saber. Isso porque a força da água e da lama podem ter comprometido a estrutura da edificação. São necessárias vistorias de engenheiros para checar a segurança no local, e elas estão acontecendo de graça.
É uma iniciativa do Conselho Regional de Engenharia do Espírito Santo (Crea-ES), iniciada nesta sexta-feira (31), em Iconha. Vinte engenheiros voluntários estão à frente da ação, atuando em parceria com a Defesa Civil.
“Nós estamos vistoriando os imóveis às margens do rio. Temos a responsabilidade de, após feito este laudo, entregar à Defesa Civil. E se for uma causa de muito risco iminente, entregar também ao município. Só quem pode interditar ou demolir são esses órgãos: a Defesa Civil e o município”, explicou Lúcia Vilarinho, diretora do CREA-ES.
O Crea informou que, depois de Iconha, a iniciativa poderá se estender a outros municípios atingidos. Ainda há 2.075 pessoas fora de casa no município, na casa de parentes e amigos, e cinco pessoas num abrigo. Nas 31 cidades castigadas pelas chuvas, são 14.098 desalojados e 1.280 desabrigados.
Com informações do repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV