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Equipe de médicos visitará população de municípios do ES e MG atingidos pela lama

Grupo será formado por profissionais de vários estados. Objetivo é realizar levantamento sobre o impacto dos rejeitos na saúde das pessoas que dependem do Rio Doce

Equipe visitará moradores dos municípios do Espírito Santo e Minas Gerais atingidos pela lama de rejeitos de mineração Foto: Agência Brasil

Uma equipe de médicos de várias partes do Brasil atenderá a população dos municípios do Espírito Santo e Minas Gerais afetados pela lama com rejeito de mineração que atingiu o Rio Doce. O objetivo é fazer um levantamento sobre o impacto dos resíduos de minério na saúde das pessoas, principalmente aquelas que moram às margens do rio.

Para isso, será feita a coleta do material presente na água consumida pelos moradores dessas regiões, para posterior análise, além de entrevistas pessoais com esses moradores. O trabalho, que está sendo coordenado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), contará com a participação de seis médicos, sendo dois do Espírito Santo, um do Rio de Janeiro, um do Rio Grande do Norte, um do Rio Grande do Sul e um do Paraná. 

De acordo com o presidente da Fenam, o médico capixaba Otto Baptista, que também preside o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), a ação começa no próximo dia 16, em Minas Gerais. A previsão é de que a equipe realize o trabalho no Espírito Santo entre os dias 28 e 31 deste mês. Ao todo, 35 cidades serão visitadas, nos dois estados.

Segundo Baptista, o grupo seguirá primeiramente para Governador Valadares e, em seguida, para Mariana, onde ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, no dia 5 de novembro. O presidente da federação explicou que, nesse período, a equipe será reforçada por outros seis médicos desses dois municípios.

“Vamos às residências das pessoas diretamente afetadas por essa tragédia e, por meio de uma abordagem corpo-a-corpo, faremos um levantamento sobre o estado de saúde dessas pessoas. Vamos filmar o depoimento delas e mostrar para todos a situação em que elas estão vivendo. Nosso objetivo é mostrar justamente o impacto dessa lama do Rio Doce na saúde da população, que está sendo pouco mostrado. Fala-se muito dos impactos ambientais, da destruição da fauna e da florta, mas pouco se fala sobre a saúde das pessoas”, ressaltou.

Otto Baptista destacou ainda que a maior preocupação da equipe é que esse rejeito de mineração tenha contribuído para um maior índice de câncer, especialmente na população ribeirinha, ou de má formação congênita em recém-nascidos. “Dependendo do material encontrado nessa lama, essas pessoas podem desenvolver doenças malignas, como câncer linfático, de pele, pulmão ou no aparelho digestivo, por exemplo”, frisou.

Linhares

Linhares foi um dos municípios capixabas afetados pela lama de minério no Rio Doce Foto: Divulgação/Prefeitura

Em Linhares, no norte do Estado, um dos municípios capixabas atingidos pela lama de mineração da Samarco, muitos moradores reclamaram, nesta terça-feira (08), que estavam recebendo água barreta pelas torneiras. A situação, no entanto, já foi normalizada. 

A Prefeitura do município garante que o fato não tem relação com a lama de rejeitos no Rio Doce – a captação de água em Linhares é feita por meio do Rio Pequeno. A administração municpal informou que, na tarde de segunda-feira, faltou água em Linhares por causa de um problema elétrico ocorrido nas bombas do SAAE. Segundo a prefeitura, quando a água voltou, chegou escura nas casas dos moradores. 

A administração municipal ressaltou ainda que a mudança na coloração da água foi causada por fragmentos acumulados na tubulação, que se soltaram com a pressão da água. Como as tubulações são antigas e ficaram por muito tempo sem água, os fragmentos desprenderam quando a água voltou, informou a prefeitura.

Colatina

Já em Colatina, outro município capixaba que recebeu os resíduos de minério, o nível do Rio Doce aumentou por conta das chuvas que atingem parte do Estado nos últimos dias. Com isso, a água atingida pela lama ficou menos suja. 

Segundo a prefeitura do município, estão sendo feitas análises duas vezes por dia na água do rio, para saber se ela tem qualidade para ser consumida. A Prefeitura de Colatina garante ainda que o abastecimento de água está totalmente normalizado no município, mas, mesmo assim, a Samarco continua distribuindo água mineral para a população, em obediência a uma determinação da Justiça.