Um dado preocupante foi revelado por um estudo realizado pelo Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa). O Espírito Santo é o estado brasileiro com o maior número de mortes relacionadas ao uso de álcool.
O território capixaba está acima da média nacional. Acidente de trânsito provocados por motoristas embriagados é tipo de morte mais comum.
Há mais de um ano, Renata Marques precisa conviver com a dor e a saudade. A filha dela morreu em um acidente de trânsito na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha, em 17 de abril de 2021.
“Muita dor, sofrimento de saber que minha filha não volta mais“, disse.
Amanda Marques, de 20 anos, estava na garupa da moro do namorado, quando o veículo foi atingido por um carro em alta velocidade.
O carro era dirigido por Wagner Nunes. Na época do acidente, havia a suspeita de que ele tinha ingerido bebida alcoólica. O inquérito foi concluído e, segundo a polícia, a embriaguez foi comprovada através de uma prova testemunhal. O suspeito está preso.
A defesa de Wagner nega que ele estivesse dirigindo sob efeito de álcool. Uma foto anexada ao processo em que ele aparece bebendo em um bar, segundo o advogado, teria sido feita na noite de sexta-feira, data anterior ao acidente.
Média de mortes no ES é 6,4% maior que a nacional
O Espírito Santo ficou em primeiro lugar no ranking de mortes relacionadas ao uso de álcool no Brasil, com uma taxa de quase 38 óbitos por 100 mil habitantes. O percentual está acima da média nacional.
Os acidentes de trânsito provocados por motoristas bêbados representam 16,7% das mortes e são considerados a principal causa de óbitos relacionadas ao uso excessivo de bebida alcoólica. Em segundo lugar, com 15,9%, aparece a cirrose hepática e, em terceiro, as brigas e desentendimentos que acabam em violência (13,4%).
Entre 2019 e 2020, mortes aumentaram 43% no ES
O psicólogo representante do centro responsável pelo estudo, Kae Leopoldo, destaca que o percentual de mortes registradas no Estado cresceu em um ano.
“De 2019 para 2020, as mortes totalmente atribuídas ao álcool aumentaram no Espírito Santo em 43%, muito mais que o aumento nacional. O aumento do Brasil, de 2019 para 2020, foi de 24%”, explicou.
O estudo também mostra que quase 80% das vítimas são homens, e mais da metade está acima dos 55 anos. A médica hepatologista, Mariana Pacheco, afirma que o álcool é tido como um “escape” para os homens mais velhos. Ela lembra, no entanto, que as consequências surgem a longo prazo.
“É uma idade que se tem o consumo maior. A gente pensa muito na parte do fígado, mas outras coisas podem acontecer no organismo, como distúrbios neurológicos e distúrbios psicológicos”.
Quem perdeu alguém, seja por uma doença ou no trânsito, por consequência do consumo de bebida alcoólica sofre duplamente por saber que a morte poderia ter sido evitada. “É muita dor você saber que a pessoa bebeu e saiu igual um louco”, desabafa Renata.
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.
