O secretário de saúde, Nésio Fernandes, criticou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de limitar a importação da vacina russa contra a covid-19, a Sputnik V.
Na noite desta terça-feira (16), a agência autorizou a importação excepcional da vacina para sete estados que poderão trazer ao Brasil um número reduzido de doses, o equivalente a 1% da população.
“A autorização para importação somente de 1% da quantidade de vacinas para vacinar a população dos estados partícipes da compra frustrou a expectativa de autorização em massa do uso da mesma nos estados que compraram a vacina.”
O secretário esclareceu que está acompanhando os desdobramentos sobre a autorização da vacina.
“O governo do Espírito Santo vinha, desde o início do ano, em diálogo com o Consórcio do Nordeste, avaliando a possibilidade de comprar a vacina Sputnik V. Nós aguardávamos com ansiedade a autorização para o uso excepcional ou emergencial da vacina no Brasil, por parte da Anvisa.”
Nésio informou durante esclarecimento que o prazo deve coincidir com os meses de agosto e setembro.
“A autorização da Anvisa estabelece um prazo para monitorar e avaliar a eficácia e segurança da mesma. Esse prazo deve coincidir com o mês de agosto e setembro, quando já está prevista a vinda de grandes quantidades de doses de vacinas aos estados brasileiros, pelo próprio PNI”.
Ainda segundo o secretário, a decisão da agência foi confusa.
“A decisão da Anvisa foi confusa. Ela deveria ter recomendado a ampliação da fase 3 do estudo ou a apresentação de mais documentos para garantir a segurança e eficácia desse imunizante ou autorizar o uso excepcional ou emergencial da mesma no Brasil”.
Para ele, a vacina é segura. “É uma vacina segura e eficaz, utilizada em mais de 60 países do mundo e a decisão tomada não colaborou para poder ampliar e acelerar a rapidez do avanço da imunização contra a covid-19 no nosso país”.
Segundo Nésio, o estado aguardará a conclusão da negociação da Anvisa e do STF.
“Dessa forma, o governo do Espírito Santo aguarda o desenvolvimento e o desenlace da negociação com a Anvisa e do STF, para poder definir, de maneira concreta, a adesão ou não à compra do Consórcio do Nordeste”.
Assista o esclarecimento:
Entenda
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação excepcional da vacina contra a covid-19 Sputnik V, de origem russa, por mais sete Estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Amapá, Paraíba e Goiás. O aval foi dado com as mesmas condicionantes estabelecidas para Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí, unidades da Federação que conseguiram a mesma autorização excepcional no último dia 4 de junho.
Entre as restrições impostas pela Anvisa está a limitação de se utilizar o imunizante apenas em adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade e ainda não vacinados, e em até o máximo de 1% da população de cada Estado. A agência vai monitorar os resultados e pode suspender a autorização a qualquer momento. Ainda faltam informações sobre qualidade, eficácia e segurança da Sputnik V, o que impossibilita, neste momento, a autorização para uso emergencial, como tem a CoronaVac, ou a conquista do registro definitivo, já obtido pelas vacinas da Pfizer e da AstraZeneca/Oxford.
Considerando o limite de aplicação da Sputnik em 1% da população neste momento, cada Estado poderá importar as seguintes quantidades:
– Rio Grande do Norte: 71.000 doses;
– Mato Grosso: 71.000 doses;
– Rondônia: 36.000 doses;
– Pará: 174.000 doses;
– Amapá: 17.000 doses;
– Paraíba: 81.000 doses;
– Goiás: 142.000 doses.
As informações constam em comunicado oficial publicado no site da Anvisa.
Com informações do Estadão Conteúdo