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ES recebeu apenas 10 dos 300 respiradores prometidos pelo Ministério da Saúde

No mês passado, o secretário de Saúde do Estado, Nésio Fernandes, chegou a classificar como "ridícula" a ajuda dada pelo governo federal do Espírito Santo

Foto: Divulgação

Dos 300 respiradores prometidos há mais de dois meses pelo governo federal para reforçar o atendimento aos casos graves da covid-19 no Espírito Santo, somente dez chegaram até o momento, segundo números do próprio Ministério da Saúde. A promessa foi feita em março, quando o ministro da Saúde ainda era Luiz Henrique Mandetta.

Além disso, o governo federal encaminhou para o Espírito Santo, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 136 mil testes e 1,2 milhão de unidades de EPI’s, entre máscaras, luvas, toucas, aventais, óculos e outros equipamentos.

O médico intensivista Vitor Dalla, que trabalha em um hospital de referência para a doença no Estado, disse que até o momento a estrutura hospitalar vem conseguindo atender os pacientes. No entanto, ele afirma se preocupar com o futuro próximo, já que a tendência é de aumento nos casos.

“O que a gente tem visto é que o Estado tem lidado bem com isso, mas a gente não sabe se isso vai ser suficiente com o número de casos. A gente tem visto o afrouxamento das medidas de isolamento social progressivo, e isso culmina com o aumento do número de casos. A gente não sabe se o Estado vai continuar com essa estrutura que supra isso só com recursos estaduais”, destacou.

A atitude do governo federal com estados e municípios durante a pandemia foi alvo de críticas do secretário estadual da saúde, Nésio Fernandes, ainda no mês de abril, quando ele classificou como “ridícula” a ajuda financeira recebida pelo Espírito Santo até aquele momento. 

Nesta quinta-feira (21), Nésio Fernandes voltou a fazer críticas, dizendo que o governo federal se mostra incapaz de conter os rumos que a doença está tomando no país. “As estratégias nacionais têm se demonstrado insuficientes para o tamanho da pandemia. As estratégias apontadas pelo governo federal têm se demonstrado incapazes de poder modificar o rumo e o comportamento da pandemia no país. Inclusive, nem logrado dar apoio e suporte aos Estados na organização dos leitos de UTI necessários para o enfrentamento do covid-19”, afirmou o secretário, em entrevista à reportagem da TV Vitória/Record TV.

Ajuda financeira

Nesta quinta-feira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, realizou uma videoconferência com todos os governadores e os presidentes da Câmara e do Senado. Na ocasião, Bolsonaro garantiu que vai sancionar a lei que libera R$ 60 bilhões para estados e municípios, como forma de apoio para o combate à pandemia. Desse total, cerca de R$ 1,2 bilhões virão para o Espírito Santo, sendo R$ 712 milhões para o Governo do Estado e R$ 482 milhões para os 78 municípios capixabas. 

Durante a reunião, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, alertou para a urgência da medida. Segundo ele, a previsão para maio é de uma queda de 30% na arrecadação. “No mês de abril, já sentimos redução de receita, quase 10% no Espírito Santo. Em maio, deveremos ter queda entre 25 e 30% em relação a maio de 2019. Isso mostra a importância dessa parceria, para que possa manter os compromissos em dia e fazer frente a essa pandemia”, ressaltou.

Casagrande também cobrou de Bolsonaro que o governo federal tenha um comportamento de liderança para coordenar as ações de combate ao novo coronavírus. Disse ainda que, neste momento, a prioridade tem que ser salvar vidas, e que tudo o que o Brasil não precisa é de uma crise política.

“Todos vivem uma crise econômica, social, uma crise na área de saúde. A quantidade de pessoas que a gente está perdendo é de dar dó. E o que nós, de fato, não precisamos é de uma crise política. A gente já está vivendo três crises e não precisamos de uma crise política”, afirmou o governador.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV