João*, 56 anos é engenheiro civil estava há 2 anos desempregado e sem esperanças com relação às chances de voltar ao mercado de trabalho com a faixa etária atual e situação de empregabilidade na pandemia, quando finalmente foi contratado para um cargo de engenheiro de vendas para a América Latina. Ao contrário do que ele imaginava, não foi a experiência de 30 anos em vários setores da indústria ou os cursos realizados na área, mas o idioma espanhol: “Precisavam de alguém com muito poder de negociação em espanhol para a América Latina e bom conhecimento de vocabulário técnico na área”, diz João, contente por sua conquista, “Com certeza, esse foi o grande diferencial em relação aos demais candidatos”.
É fato que a crise que se alastrou durante a pandemia fez com que a taxa de desemprego subisse e as poucas vagas ofertadas terem disputa acirrada nas várias plataformas como Linkedin e Glassdoor.Também é fato que falar um idioma estrangeiro seja inglês, espanhol ou outro, ajuda o candidato a destacar-se em meio aos currículos que lotam as caixas postais dos departamentos de recursos humanos. No entanto, existem aqueles que mentem ou exageram nas qualificações relativas ao idioma. Ou seja, muitas vezes o profissional candidata-se a uma vaga em que é exigido inglês fluente tendo um nível abaixo do exigido ou apenas básico.
Uma pesquisa realizada em 2018 pela agência DNA Outplacement aponta que 75% dos currículos enviados aos Recursos Humanos das empresas continham informações distorcidas A pesquisa, realizada durante seis meses com 500 empresas, revelou que as principais mentiras encontradas nos currículos, referiam-se ao valor do salário atual – ou recebido no último emprego – (48%) e à fluência no inglês (41%). O tempo inativo e o grau de escolaridade e cursos realizados são outros tópicos deturpados nos currículos, por 12% e 10% dos profissionais, respectivamente.
Melhor preparação
“Assim como um atleta prepara-se para uma maratona, treinando todos os dias por um determinado número de horas, um candidato a entrevista de emprego em inglês também deve se preparar”. A definição é de Mariza Gottdank, fundadora da Dank Idiomas, escola presente em 18 cidades do Brasil e exterior que, entre seus cursos regulares, conta também com cursos voltados à carreira. “Se você não fala nem um pouco do idioma requerido para a vaga de emprego, não o coloque no currículo”, diz Gottdank.
“Infelizmente, não há como aprender um idioma em pouco tempo para passar em uma entrevista de emprego. Isso demanda uma certa quantidade de horas. Porém, se o candidato já tem proficiência no idioma, é sim possível treiná-lo para melhor performance na entrevista.”
Mariza, que já leciona a 29 anos, conta que em sua experiência algumas perguntas tornaram-se mais frequentes nas entrevistas atuais: “Quando antes perguntas como: ‘onde você se vê em 5 anos ou ‘conte-me sobre suas qualidades’, hoje são substituídas por questões mais amplas como discutir sobre o cenário econômico atual”, explica Mariza “Estar atualizado sobre notícias é sempre importante independentemente da carreira do candidato.”Assim, Mariza Gottdank coloca algumas dicas para que uma entrevista de emprego em inglês seja um sucesso:”.
- Você estará sendo avaliado pela capacidade de compreensão e comunicação.Sendo assim, fale de maneira clara e evite gírias aprendidas em séries ou pronúncias que imitem de maneira forçada o sotaque americano. “Você não precisa soar como um americano nativo mas como alguém que se comunica claramente no idioma exigido”;
- Evite erros comuns dos níveis iniciantes como “peoples” (o certo é people) ou “I am working since…” (o certo é I have been working since…), entre outros. Isso demonstra o quanto o seu nível de inglês ainda precisa ser melhorado e tira a atenção do que realmente você quer transmitir;
- Prepare-se para responder perguntas sobre a atual situação econômica ou sobre o futuro de sua profissão. O entrevistador espera que você tenha autonomia para falar sobre qualquer assunto além de seu currículo;
- Quando a pergunta for “Tell me about yourself” (conte-me sobre você), mantenha uma sequência de fatos que vai desde sua graduação, passando por experiências de trabalho mais relevantes até sua atual empresa ou situação. Inclua expressões como: “I was responsible for…” ou “That was a great opportunity for me to learn more about…”.
Mariza calcula que um total de 3 a 5 horas antes da entrevista acontecer são ideais e ajudam o candidato a organizar idéias, tirar dúvidas de vocabulário referente ao currículo e simular a entrevista com um professor que esteja atualizado sobre o tema.
*nome fictício