Geral

Escola de Pais debate influência do algoritmo em crianças e adolescentes

Encontro promovido pela Escola Monteiro reuniu especialistas, estimulando a reflexão sobre os desafios dos novos tempos.

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
Na Escola Monteiro, o uso de telas e da internet é aliado no processo de ensino-aprendizagem, sob orientação dos professores

Qual tem sido a intensidade e o tempo dedicado por crianças e adolescentes às redes sociais? Como o Tik Tok pode alterar substâncias do corpo e impactar diretamente a saúde de seus usuários? Qual a relação do uso das redes sociais com questões como depressão, ansiedade e até suicídio? Como os pais podem agir para colocar o assunto em pauta com seus filhos de forma ponderada, sem tirar a liberdade, mas criando um ambiente mais seguro e controlado?

Discutir questões como essas, que desafiam as famílias, a escola e até mesmo os profissionais que atuam na área está entre os objetivos da Escola de Pais, iniciativa da Escola Monteiro pensada para aproximar família e instituição escolar, disseminar conhecimento e criar espaço de diálogo e de formação.

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
A advogada Juliana Nunes defende uma atuação de protagonismo por parte dos pais, zelando pela integridade dos jovens

Na primeira edição do ano, o tema “A influência do algoritmo nas redes sociais e a interferência na formação do sujeito” foi a pauta do encontro, que reuniu a advogada Juliana Nunes, a psicanalista Rosânea de Freitas e o expert em Marketing Digital André Brotto. O trio de palestrantes apresentou, cada um em sua área de atuação, informações, dados e estatísticas que contribuíram para reflexões, dando pistas para cada família encontrar seu caminho para desenvolver esse olhar mais atento.

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
André Brotto, expert em Marketing Digital, alertou sobre a influência e o poder do algoritmo

Especialista em Marketing Digital, André Brotto falou sobre o poder das redes sociais e de como o algoritmo é capaz de classificar e categorizar temas por interesse, ampliando a exposição de conteúdos inapropriados e contribuindo para criar maior dependência por parte de crianças e adolescentes. “Hoje, os estudos apontam crianças totalmente dependentes das redes sociais, sem nenhum controle. É preciso que todos tenham consciência do poder que o algoritmo exerce para criar alternativas e saídas para essa relação de total dependência. Também é preciso pensar que além das redes sociais tradicionais existe a deep web, uma área que não é indexada por mecanismos de pesquisas e traz conteúdo muito mais severos e perigosos”, alerta.

Neste contexto, a psicanalista Rosânea de Freitas abordou a importância da prevenção, entendendo o indivíduo constituído pelo consciente e inconsciente, e cujas diferentes manifestações podem ser facilitadas pelo estímulo do algoritmo. Rosânea citou um provérbio africano que diz que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, reforçando a necessidade do envolvimento e do engajamento de todos – escola, família, amigos – nesse olhar atento para questões relacionas à educação e, especificamente, às redes sociais.

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
A psicanalista Rosânea de Freitas abordou a importância da prevenção e da presença dos pais na rotina dos filhos

“Precisamos de estratégia e ferramentas para enfrentamento do que estamos vivendo. É fundamental aguçar nosso olhar e aprimorar a sensibilidade diante de uma questão que faz parte do dia a dia dos pais. Temos que apostar no diálogo e no exercício da presença e insistir nos recursos civilizatórios, como arte, cultura e esporte, como alternativas para a formação de um indivíduo mais completo e mais humano”, pontuou a psicanalista.

Estar próximo da criança e do adolescente, acompanhar a vida escolar e criar regras, ter uma atuação de protagonista e responsável também é a opinião da advogada Juliana Nunes quando o assunto é zelar pela integridade frente aos desafios do algoritmo. Para ela, as relações clamam por regras e essa falta de limites está diretamente relacionada ao uso exagerado e indiscriminado das redes sociais. “Nossa sociedade precisa avançar na regulamentação da internet e das redes sociais e, para isso, vamos precisar nos mobilizar. Acredito que essa mobilização deve começar por cada um dentro da sua casa, administrando a rotina em relação ao uso de telas. O diálogo e essa escuta podem ajudar a suprir a falta de regulação que vivemos hoje. Temos que assumir o papel de protagonistas”, defende.

Mãe de Marina Dalton Gama, aluna do 5° ano, Andréa Dalton, concorda sobre a importância do debate e da ação conjunta entre família, escola e sociedade. “Em tempos em que as famílias, escolas e sociedade enfrentam muitos desafios, é fundamental criar espaços coletivos de diálogo para compreender a conjuntura e, com isso, propor ações igualmente coletivas. Nesse sentido, a Escola de Pais, ao propor o debate sobre as redes sociais, algoritmos e seus impactos na vida das/os nossas/os filhas/os cumpre o entendimento de que escola/família caminham juntas. Avalio muito positivamente essa iniciativa da escola. A condução dos especialistas foi excelente”, considera.

Quem também participou do encontro e avaliou o debate positivamente foi a publicitária Letícia Cariello Ruschi, mãe dos alunos Gustavo Cariello Ruschi, do 2⁰ ano do Ensino Médio, e Carolina Cariello Ruschi do 5⁰ ano do Fundamental 1.” A Escola de Pais da Monteiro é uma excelente oportunidade para nós, pais, que temos filhos na fase pré e adolescente, principalmente, junto a toda comunidade escolar, refletirmos sobre os desafios em um ambiente cada vez mais conectado ao mundo digital. A rede social faz parte da vida de nossos filhos e de todos nós. E essa troca de ideias e experiências permite que possamos avaliar a nossa conduta e avançar sempre, ajustando o que for necessário para preservar a saúde mental de nossos filhos”, afirma.

4 dicas para acompanhar a relação de seus filhos com as telas

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
 Iniciativa da Monteiro, Escola de Pais cria espaço de diálogo e de formação

Saiba mais em https://monteiro.g12.br/quatro-conversas-para-ter-com-seu-sua-filho-a-sobre-os-habitos-de-tempo-na-tela/

1 – Mostre interesse no que ele/a está fazendo online.
Se seu/sua filho/a estiver relutante em falar sobre o que está fazendo online, tente acompanhar em uma das plataformas populares, como Tik Tok, Youtube, Instagram e entre outros. Entender o comportamento das crianças e adolescentes nas redes sociais é o primeiro passo para orientá-los em direção a uma experiência mais saudável durante o uso das telas.

2 – Ajude-os a reconhecer os próprios hábitos de tempo de tela.
Às vezes, os hábitos que as crianças têm com seus dispositivos não são os melhores para a saúde delas, o mesmo vale para os adultos. O tempo de tela pode interferir no sono, relacionamento e aprendizado. Converse com os seus filhos sobre como eles podem usar os dispositivos da melhor forma, com equilíbrio e conciliação para as outras partes da vida. Compartilhe os seus hábitos como exemplo para iniciar a conversa.

3 – Converse sobre saúde emocional.
Crianças e adolescentes precisam de ajuda para perceber como as atividades online interferem no dia a dia e na vida pessoal. Muitos jovens recorrem às mídias sociais e aos recursos online, buscando apoio à saúde mental e conexão com os amigos. No entanto, as mídias sociais também podem provocar efeitos negativos em alguns, por exemplo: baixa autoestima, insatisfação pessoal, depressão ou hiperatividade e, inclusive, a falta de afeto e carência que, muitas vezes, os adolescentes tentam preencher com os famosos likes.

4 – Converse sobre o que fazer quando tiver sentimentos negativos.
Crianças e jovens podem se retrair ao se sentirem desconfortáveis, preocupados, tristes ou ansiosos, assim tentar abordar o porquê desse comportamento usando diferentes estratégias é essencial.

E lembre-os sempre de que eles podem vir até você (ou buscar outro adulto de confiança), se precisarem de ajuda.

Manter um diálogo aberto com o seu/sua filho/a é essencial a um relacionamento familiar saudável e harmônico. Essas conversas podem acontecer em momentos simples, como, por exemplo, no caminho para casa depois da escola. Não há uma “receita de bolo” pronta para estimular o diálogo, contudo é fundamental compreender que atenção e empatia são protagonistas no processo de interação entre as pessoas. Saiba mais clicando no link .

Veja em https://www.youtube.com/watch?v=2i03c6hVFuY